21.10.14

Distúrbio de letras



Saudade do sossego, de ouvir o silêncio e de o perceber a cada pausa. Saudade da paz interior que antes me explodia pelo poros, saudade da calma, saudade de sentir o bater do coração e saudade de ter tempo para o escutar simplesmente a bater sem que nada nem ninguém lhe peça para tal. Saudade de reparar em nada, saudade de deixar fugir o que tudo parecia sem que isso ganhe mais importância que a que realmente tem… nenhuma. Saudade de não pensar no amanhã, no logo, no daqui a pouco. Saudade de sentir o frio roer-me os ossos, de sentir o vento gelar-me a cara. Saudade dos gritos mudos que apenas os surdos compreendem, ninguém melhor que eles para lerem os olhos. Esses não mentem, brilham… Brilham. Saudades do brilho, do sorriso e da felicidade ligeira. Saudade da despreocupação e da falta de objetivos. Saudade de navegar à deriva ao invés de à bolina. Saudade de escrever e não ter tema, saudade de desencaixar o subconsciente e de sair de dentro de mim. Saudade de não saber quem sou, saudade de não ter futuro, saudade de não ser, saudade de não viver… Saudade de não sentir saudade.