29.10.07

Afinal existia um “V” na ponta da minha ida


89 dias e 23 horas. Era o que marcava o contador quando parou. Afinal sempre parou. Afinal o Nemec sempre voltou, apesar de nunca ter saído daqui de perto. Passou muito tempo, deu para refrescar ideias, para angariar novas e foi-se acumulando a vontade de escrever, de soltar as palavras... Dava por mim durante o dia a vaguear no pensamento bem longe do presente que vivia, lá onde se iam formando textos aos poucos, por vezes não passavam de frases, outras vezes de simples parágrafos, mas na grande maioria não eram mais que intenções ou desejos, vontades de deitar cá para fora sentimentos, ânsia, opiniões, que formavam palavras que me corriam no sangue e acabavam por ser coadas nos rins por perderem a validade e o sentido, tanto era o tempo que me corriam no sangue, presas nas celas que eram as veias! Mas agora vou poder voltar a dizer tudo, voltar aos meus devaneios, aos meus pensamentos que mesmo podendo ser errados, eu lhes dou valor por me saírem com sentimento.
Voltei, não sei se ao mesmo nível que antes de partir, mas voltei, e isso é que me interessa. Posso até ter perdido traquejo com o tempo, mas é uma questão de tempo até apanhar o ritmo do comboio e voltar a sentir uma paz interior que só sente quem realmente exprime por palavras as reacções aos sentimentos... No fundo não me devo preocupar muito com isso, uma vez que, eu não passo de uma espécie de holograma, um ser que não existe, um pseudónimo que exprime os sentimentos de quem o criou. Não posso influenciar o meu criador em nada, já que não tenho vida, mas sou totalmente influenciado por ele. Sou uma espécie de segunda personalidade, alguém totalmente diferente do original, pois só ao Nemec vêm a capacidade de escrever textos em blogs, poemas, opiniões, apenas eu fui capaz de ver mais de uma mão cheia de textos publicados num jornal, ainda que por burocracia tivessem de ser assinados pelo Rui... Só eu sou capaz disso, o Rui não... o Rui continua o mesmo apaixonado pela namorada, defensor do Braga e do Braguismo, frustado com o emprego, com vontade lhe virar as costas, farto de promessas quebradas sempre pela mesma pessoa, farto que, por elas serem sempre quebradas, continue preso a um horário que lhe tolhe a vida e não o deixa gozar coisas simples mas importantes na vida, mas apesar de tudo continua a tentar fazer rir toda a gente...
Obrigado a ti que esperas-te por mim, obrigado a ti que foste ficando por aí, obrigado a ti que insististe em cá vir e saber se já tinha voltado... e a ti sussurro “Acorda... já cheguei!”.