31.7.07

Adeus, e até...


Parto em breve, e este é em jeito de despedida! Não sei quando vou exactamente, mas sei que não tarda muito, não sei com quem vou, talvez sozinho talvez com algo mais, não sei para onde vou, pode ser longe, pode ser que fique por perto, não sei por quanto tempo vou, mas dói saber que vou. Dói olhar para trás, ver o que está escrito, reviver tudo outra vez e sentir novamente cada palavra com a mesma intensidade e emoção. Dói deixar o “Acorda-me quando chegares” ficar pelo XI apesar de na verdade ter o (suposto) fim marcado para o III (que por imposição dos acontecimentos não aconteceu). Dói saber que vou deixar de ser objecto de leitura por parte de conhecidos e de alguns desconhecidos, dói não lhes poder dar certezas do futuro. Dói... Fere... Marca... Custa e muito ser a criação de alguém com imaginação que está sempre por detrás (ou no interior) de mim e ter de o fazer. Alguém com sentimentos fortes que cria um pseudónimo para se expressar, cria uma personagem como sendo ele próprio. Escreve, desabafa, sente e vive o que faz enquanto encarna a personagem de nome invulgar com origens na Europa de Leste. Blogs e fóruns faziam parte da vida desta figura que represento. Talvez faça uma espécie de falta a quem lia os meus devaneios ou pensamentos (nem sempre lúcidos), talvez lhes cause tristeza, talvez indiferença, talvez felicidade, talvez... Talvez... Resta-me despedir de todos, não sei se volto, e se voltar não sei quando, mas quero acreditar que voltarei a servir de pseudónimo novamente ao meu criador e que isto não vai ser a morte do Nemec e será apenas um estado de coma, um até já, um até breve, mas por enquanto fica um até sempre e um obrigado a ti em especial, a ti que me deste força para continuar a escrever, a ti que me deste força para manter vivo e actualizado por mais tempo, a ti que me serviste de inspiração, a ti que leste o que escrevi e tiraste a tua própria interpretação, a ti que comentaste o que ia sendo actual, a ti que esperas pelo meu regresso e a ti que eu vou acordar quando (se) chegar (regressar)...

Até sempre,




Nemec




28.7.07

Mão cheia de dias diferentes (Expensive soul - Brilho)

Confesso, estava já farto de sair todos os dias para o trabalho e ver pela estrada em direcção ao rio, gente de calções e t-shirt a cobrir o fato de banho, ar descontraído, andar calmo e sem stress, outros sentados na esplanada de um café a refrescar a garganta e a alma, sem pensar em nada, mente solta e liberta e sem relógio no pulso... Já no trabalho, e a escorrer água, vinham-me à memória essas imagens onde eu me imaginava e lá ia passando mais um dia de trabalho. Mas isso hoje acabou. Acabou porque, ao fim de 3 anos a picar o ponto todos os dias, vou de férias, vou ficar tal e qual como me imaginava enquanto torneava o metal... Só quero as minhas férias assim...


27.7.07

Acorda-me quando chegares XI


Deixei-me levar pelo silêncio causado pela tua ausência física. Silêncio constante e perpétuo que me induziu numa espécie de coma, de onde nem as pombas, que se apoleiraram em mim, me fizeram despertar. Um mundo escuro e mudo onde me fechei na tua ausência. Durante um dia inteiro nada nem ninguém me consegui perturbar, mas hoje, hoje logo pela manhã, ainda o sol se espreguiçava, algo me curou. Uma voz leve e suave chamou o meu nome... Abri rapidamente os olhos e tentei focá-los o mais rápido possível, em frente já não via a linha férrea que desaparecia no horizonte, via o comboio do qual tu eras passageira única, e quando olho para o lado sinto o beijo mais doce que se pode imaginar, e ali estavas tu, a olhar para o meu sorriso cravado na face e impossível de disfarçar... Jurei nunca mais me separar de ti, embora imagine no fundo, mesmo sem querer acreditar, que isso não seja possível. Agora já posso sair da estação que me serviu de casa nos últimos dias, já consigo olhar em redor e apreciar a beleza de todas as coisas ainda que incomparável com a tua. Ao olhar o banco, onde permaneci à tua espera, em jeito de despedida, vislumbro-lhe, na cara que não tem, um sorriso enorme, que mais ninguém vê, por ver o meu. Sinto-me a pessoa mais feliz do mundo. Daquele mundo monocromático que a colorido passou. Sinto-me amado neste momento do reencontro, e já depois da euforia maior consigo olhar-te nos olhos doces e meigos e sussurrar “Obrigado por me acordares” mas na verdade foi dito, e sentido, como um simples mas verdadeiro “Amo-te”!

25.7.07

Acorda-me quando chegares X




Acordei sobressaltado. Um ruído crescente fez-me despertar deste sono irreal onde sonhava contigo. Ainda com os olhos fechados imaginei seres tu a acordar-me. Cresceu em mim uma alegria anteriormente inatingível. Devagar fui abrindo os olhos, em espaços muito breves. O sol nascido ainda há pouco tempo feria-me a vista que durante muitas horas ao negro se habituou. Procurei-te com um erguer de cabeça e com movimentos bruscos dos olhos. Deixei-me estar no mesmo sítio para que soubesses onde me encontrar e não nos desencontrar-mos. Enquanto não chegavas fui reparando nas outras pessoas. Um misto de sorrisos e lágrimas preenchiam todo o espaço da estação. A tristeza de quem partia e via partir os seus mais chegados contrastava com a felicidade e os sorriso estampados no rosto de quem chegava e via finalmente perto os seus amados! Era perto disto que eu me sentia! Aos poucos a estação foi ficando vazia. O comboio já tem as portas cerradas e arrancou em direcção ao horizonte. Apenas aqueles que esperam pela boleia permanecem no paredão cinzento... Cinzento foi também como ficou o meu sorriso ao constatar que este comboio não te trazia, pois não te encontro entre os que restam, e a esperança de te ver hoje acabou de morrer. Morte súbita, digo eu! Já não resta ninguém na estação, apenas eu, a solidão e as pombas da praxe... O banco de madeira que me serviu de repouso durante a noite faz-me sinal para voltar para lá, convite que não recusei por uma simples razão: foi aqui que prometi esperar por ti e daqui não saio sem ti! Além do mais não há nada que eu possa fazer, o mundo fora desta estação sem ti é todo cinzento, sem graça, tão monocromático, a única fome que tenho só tu a podes matar, nada me resta senão esperar pelo comboio de amanhã! Observo o sol na sua rota descendente onde se irá confundir com o horizonte, observo-o já cor-de-laranja até que a pequena réstia de luz se esmoreça e desapareça definitivamente. Olho as mesma estrelas que tu e tento perceber o que elas me dizem na esperança que entendas o que te transmito através delas. Volto a fechar os olhos que o sol feriu, e deixo-me embalar pelo banco de madeira... Adormeço depois e peço-te para me acordares quando chegares...

24.7.07

Acorda-me quando chegares IX


Poucas horas passaram desde a última vez que te vi, mas a incerteza de muitas faltarem para te voltar a ver faz nascer em mim um misto de saudade e raiva! Não sei ao certo quantas horas faltam para voltar a ver o teu rosto. Lugar angelical onde permanecem, lindos e serenos, os teus olhos doces, onde mora o tua boca que liberta palavras meigas e beijos ternurentos, que me fazem sentir a palavra amor de cada vez que tocam os meus. Na hora da despedida, uma lágrima quase fugia na ânsia e incerteza de quando te voltar ver, mas ficou presa, e fez-me fingir. Fingi parecer ser forte pois na verdade sentia uma imensa dor por não saber quando te voltaria a ver. A tua felicidade (talvez também fingida) deixou-me sem forças nem coragem para me mostrar fraco, não quis aumentar o teu sofrimento. Forte é aquele finge ser alegre para não tirar o fingimento de alegria da cara de quem ama na hora da despedia. Se isto não é amar, condenem-me à morte por apedrejamento e atire certeiras pedradas quem sabe o que amar é, se o que sinto não é amor, não sei o que é amar, e ninguém sabe o que é amar! Espero não ser longa a tua ausência, mas por muito curta que seja, no relógio do meu sentimento irá ser sempre demorada demais! A ausência dói, mas o reencontro cura e fortalece o ser mais fraco. Nunca nos últimos 5 meses estive tanto tempo longe de ti como prevejo estar agora. Já não me lembro de como são as manhãs passadas sem ti, sem um carinho, sem um mimo, sem beijo! Como irei saciar esta fome sem alimento? Já não sei viver assim... Não sei viver com este amargo na boca, com este vazio no estômago, com esta ânsia que chegue um dia que nem eu sei qual é, com esta vontade de ver o relógio adiantar-se... É tão vagaroso esse comboio que te trás até mim. Muitas estações vai passar até que chegue ao destino e o pior de tudo é que só agora partiu da estação onde te apanhou... Nesta longa e penosa viagem onde o começo é tão certo como a incerteza do fim, vou ficar aqui, na última estação desse comboio movido pelo tempo imaginário que ambos criámos. A noite, apesar de ser de Julho, está fria, e é no amparo deste banco de madeira que me deito e me aconchego para matar este cansaço, para calar a voz desta fome que consome, para me deixar embalar pelas tuas palavras trazidas pelo vento que me gela as mãos que juntas tentam esconder o meu peito, de maneira a guardar o calor do amor que por ti no meu coração mora! Deixo que as pálpebras aos poucos me retirem da visão o ponto mais longínquo da linha férrea e as estrelas que, por entre as nuvens, espreitam. Deixo-me adormecer na esperança de que o dia da tua chegada esteja para breve!

P.S.: Acorda-me quando chegares!

20.7.07

Acorda-me quando chegares VIII (um por cada mês de son(h)o)


Serás?

Serás tu?
A viajante que chegou a tempo
de curar todas as minhas feridas,
de me guiar para o sol...
De caminhar comigo pela estrada da vida
Até o fim dos tempos
Serás tu?
Quem brilha no escuro como o fogo
Encarando a manhã olhos nos olhos
Serás tu a pessoa
que dividirá esta vida comigo?
Foste essa pessoa nos últimos 5 meses
És tu essa pessoa neste dia que nos marca
e quero acreditar que serás tu... para sempre!



Voando nas tuas asas!

Fecha os meus olhos e sonha
Como as sombras na noite escura
Conta as horas até ao amanhecer
Algo me está a faltar (tu)
Consegues imaginar-me enquanto lês o que escrevo?
eu consigo ver-te à espera, lá do outro lado
O que escrevo agora é só para ti
Tudo vai acabar bem
Velejamos sobre a noite
Na espera do crepusculo
Que nos vai trazer o tão esperado reencontro
Consegues ouvir a minha voz ja desesperada
por entre o silêncio da noite?
Ambos sabemos que é uma questão de tempo
Até vermos a luz do dia
Mas já não aguento a dor da ânsia
Do abraço apertado que me espera
No calor do peito


Beija e deixa

Beija-me
Beija-me apaixonada e calorosamente
Beija-me como só tu sabes...
Deixa-me sentir o sabor a mel que em teus labios escorre
Deixa-me tocar o silencio das tuas palavras
Deixa-me guiar o meu amor ao teu coração
Deixa-me beijar-te enquanto a lua nos ilumina
Beija-me ao som das ondas e deixa-me amar-te


Paisagem

Contigo
como linha de horizonte
bem lá ao fundo,
fui voando,
conquistando o teu rosto
segundo a segundo…
No meu sonho,
as tuas cores
foram a melhor
paisagem do mundo…
Misturou-as o meu amor,
tornando esta paixão,
na mais bela tela,
que jamais poderei ver
da prisão desta janela…


Do nada

Chegaste sem eu dar por isso,
Por entre a confusão dos dias
Ocupaste um lugar sem dono.
De mansinho, aos poucos
Tomaste conta do espaço vazio
Que encerrado guardava
E a ninguém permitia lá chegar.
E tudo mudou,
Do nada surgiu algo,
Do algo surgiu aquilo,
E daquilo surgiu isto…
Estranho vicio que não me sai do corpo,
Insaciável desejo de te ter…
Hoje fazes parte de mim,
E por mais que quisesse,
E se o quisesse, não conseguiria,
Tirar-te, amputar-te da minha vida.
É inútil, vieste para ficar.
Eu quero que fiques.
Respiro-te o mesmo oxigénio,
Banho-me na tua luz,
Quero dividir contigo o universo,
O mundo, o meu mundo, o nosso mundo…
Quero ouvir-te dize-lo uma vez mais…
E outra, e outra, e outra
tantas vezes mais…
Sim tu sabes o quê, não revelo, tu sabes,
Tu sabes…

4.7.07

Acorda-me quando chegares! VII (o regresso)


Com o envelhecer e o passar dos anos, apercebemo-nos que na vida existem coisas pouco importantes, importantes, e muito importantes. Porém a nossa mente estúpida tem a inconsciente tendência de baralhar tudo isto! Frequentemente damos importância a coisas mínimas e esquecemos a importância das que realmente a têm, levando a um maior número sucessivo de erros, quer em actos quer em pensamentos! Magoamos o nosso interior, mas pior que isso, ferimos outras pessoas, e o tamanho das cicatrizes que se irão formar é inversamente proporcional à distância que essa pessoa está de nós, ou seja, quanto menor a distância emocional, maior o golpe! É certo que o fazemos sem consciência dos actos, mas fazemos, e não temos desculpa para isso, não deixa de ser um erro nosso! Há bem pouco tempo eram poucas as pessoas com quem eu me dava, com quem falava, desabafava, trocava opiniões, e como consequência disso aprendi a estar só e pensar comigo mesmo, mas sobretudo a desabafar com as lagrimas que iam distorcendo as estrelas que moram no céu que pinta o limite do horizonte da minha varanda e que manchavam as folhas dos pequenos textos que ia escrevendo! Descarregava ali toda a minha fúria! Deixei esse hábito durante vários dias, semanas, meses até... Pois encontrei alguém que me ouvia e ajudava. Mas um pormenor tinha escapado neste meu novo refugio. E se o meu desabafo tivesse relacionado com esse amor? Tinha de voltar ao meu antigo método de alívio pessoal. Foi isso que aconteceu na última semana, fui atirado para aqui por duas ocasiões! Precisava de pensar, de me encontrar comigo mesmo para ver onde falhei, deixar escorrer as lágrimas que me iriam ajudar a curar, mas apenas com a junção de ambos os métodos consegui chegar a uma conclusão! A parte do meu cérebro à qual cabe a função de distinguir a importância das coisas, não estava a trabalhar a 100%... Confundiu muitas coisas, esqueceu outras, e perdeu dados importantes para o equilíbrio e bem estar de tudo a que eu digo respeito. Enquanto possuía apenas um método de desabafo dos meus mais íntimos pensamentos e desejos, a escrita era a forma de não voltar a cair no mesmo erro e de mostrar a alguém aquilo que a boca não dizia quando por perto se encontravam os ouvidos dela. Apesar de o resto do corpo dar sinais, e dar a entender o que a boca abafava, ela continuava muda. Foi assim (na minha ideia) que ela me foi conhecendo melhor e sabendo como eu funcionava, de maneira a que nos conseguimos entender de tal forma a criar uma intimidade capaz de fazer com que a boca soltasse as palavras acorrentadas, com liberdade condicional apenas na escrita até então! Tinha sido criado um hábito, o de escrever para alguém, coisa que nunca tinha feito antes, ou pelo menos tão intensa e directamente... Por culpa da minha avaria cerebral, deixei que este hábito caísse em desleixo e fosse cada vez menos frequente, até ser erradicado por completo, e tudo por culpa minha, coisa que ela não merecia! Deixei que a minha fome de escrita fosse levada para outros campos e outras paixões diferentes. Por “umbiguidade” (mas errada e inconscientemente) deixei que se sobrepusesse em mim a preferência de ver uma criação minha publicada num jornal regional que fazer crescer um pouco mais de amor num coração que tanto bem me quer! Errei, e o erro trouxe-me a esta noite fria de Julho, como se tratasse de um sinal do quão frio eu tenho sido para quem me tenta aquecer a cada passo, devolveu-me o sabor salgado das lágrimas e as manchas no papel, mas também me devolveu a funcionalidade que precisava para me aperceber que não fiz o correcto e para tentar emendar! Fica por isso aqui escrito, que a minha vontade de voltar a mostrar que te amo, te quero, te desejo é tão grande como a minha vontade de voltar a ser tudo como era... Tristezas não pagam dívidas, e dúvidas não passam de meros obstáculos que são criados apenas para serem destruídos, por isso, a certeza de um sorriso na tua cara é o bastante para um igual nascer na minha e fazer crescer aquilo que aumenta o coração... Estou de volta à escrita, aquela que tu gostas! Só falta uma palavra para acabar: amo-te!!!