17.3.12

Mundo Complexo

Às vezes perdemo-nos na complexidade do que afinal é tão simples, tão básico, tão natural. O Mundo não foi desenhado por nós nem para nós, porquê tentar mudá-lo? Porque não nos afeiçoamos nós a todas as suas características? Se a primavera demora um ano a chegar porque queremos sempre apressar o desabrochar das flores? As coisas bonitas levam tempo a ser construídas, a crescer, a amadurecer. Por muita vontade que tenha em comer fruta, se ela estiver verde nunca me vai saber a fruta madura… Se o que é bom demora tempo espero que o dia de amanhã o seja, porque esta noite parece querer ficar para durar. A noite e a incessante, incansável e intermitente vontade de desistir, de descrer em grande parte do que começo. Não acredito nas coisas que faço, não tenho fé que valha a pena. Desisto por me sentir incapaz, desisto por não saber o que estou afinal a fazer, desisto porque uma nuvem negra insiste em tapar-me o sol. Porque não sou capaz de escrever quando preciso? Porque não o sei fazer quando é suposto? Quem me entala as palavras e a tranquilidade necessária para que a inspiração nasça dentro de mim e brote os amontoados de letras que esperam de mim? Toda esta complexidade é afinal muito simples: não posso escrever quando os outros querem, não sou talhado para isso, não o sei fazer. Acabaram-se as experiências, acabou-se a oportunidade, simplesmente não consigo, perdi-me na complexidade…