É
a inércia que culpo. É a característica que todos os calhaus têm, sou mais um
inerte. Não tenho vontade, não tenho energia, não tenho capacidade, não tenho
apetite. Perdi tudo isto num bolso roto das calças de usar à semana, perdi
porque tive preguiça de o coser, tive preguiça de pedir que mo cosessem. E a
quem culpo? Culpo a inércia por se ter apoderado de mim. Bebi-lhe a essência,
mordi-lhe o saber e absorveu-a o organismo espalhando-a por todo o corpo.
Tenho-a toda em mim, tenho uma dor que me aperta e tenho medo, medo do amanhã,
medo do agora, medo do que sou e do que já não fui, medo do que poderei ser
amanhã, medo do que de mim farão amanhã, medo da inércia… vai-te embora
inércia, vai-te embora inércia… vai-te embora e deixa-me ao menos escrever!
Imagem daqui