24.5.07

Ultimo apito


Apita o árbitro pela última vez esta época na Pedreira Mágica... O empate caseiro a uma bola associado ao resultado de um derby da capital classifica o Sporting de Braga na 4ª posição! À sua frente apenas se vislumbram os rotulados de 3 grandes pela imprensa nacional. Razão pela qual o Braguista enche o peito de ar e grita Braga, com o mesmo orgulho de quem vê a sua equipa a ser campeã. Aplaude efusivamente como forma de agradecimento a um grupo de bravos, que se debateu durante uma época inteira contra inúmeras contrariedades, para obter um lugar tão honroso como este... Nota, com pena, no rosto de alguns uma espécie de lágrima, que foge e desfoca a visão, por saber que certamente foi a última vez sentiu este símbolo ao peito como sendo seu. Já com os guerreiros, que o fizeram vibrar toda esta época, recolhidos aos balneários, e a maioria do público já a descer a Alameda do Estádio, o Braguista contempla toda a beleza que a Pedreira Mágica lhe oferece, e saltam-lhe à memória momentos ali vividos que lhe arrepiam todos os milímetros do corpo. Todos os golos marcados e a explosão de alegria criada a cada um deles, o calor humano mesmo nas noites mais gélidas, e todas as demonstrações de amor ao símbolo do clube, tudo isso é lembrado como uma retrospectiva não mais longa que trinta segundos. Apesar de toda esta alegria e euforia conjugadas num sentimento só, uma não menos sentida tristeza o assalta. A tristeza por saber que tão cedo não voltará a este mesmo estádio para ver o seu clube jogar...
Antes do regresso a casa, resolve festejar pelas ruas e artérias da cidade dos Arcebispos, a conquista do primeiro lugar entre os clubes de orçamento mais reduzido, e uma nova presença na Taça Uefa, porém depara-se por todo o lado com festejos de outra cor, mas isso não afecta a sua vontade de festejar, pois torna-se daltónico por instantes e tudo lhe parece festejar de vermelho e branco.
De regresso ao aconchego do seu sofá, aguarda ansiosamente por ver o golo do seu clube na televisão e ver na classificação final que no quarto posto figura o Sporting de Braga.
O tão aguardado momento já passou, a época já acabou, e agora é simplesmente um conjunto de resultados registados em forma de números. Para trás ficam noites e tardes de grandes alegrias, uma época de excelentes resultados, talvez a melhor de sempre, embora as exibições nem sempre tenham sido as melhores. Mas que importa a exibição se não conta para os registos? O que conta são os resultados... E esses é que vão ser lembrados e nos vão encher de orgulho nos próximos anos!
É hora do Braguista recolher ao seu ninho, repousar a cabeça na almofada e esperar pelo sono... Mas ele tarda em chegar, e não quer mesmo vir! O Braguista não prega olho, pois a sua cabeça não pára de pensar por um minuto que seja nos tempos que se avizinham. Mentalmente dolorosos e penosos. Durante cerca de dois meses e meio não irá sentir o prazer de ver o seu clube de coração jogar ao mais alto nível, no trabalho não irá defender o Sporting de Braga com unhas e dentes, pois não se vai falar de futebol até começar a nova época, nos jornais nacionais apenas vão sair notícias de transferências, dos jogadores que melhor defenderam o símbolo da camisola vermelha com mangas brancas para outros clubes rivais, quase todas elas criadas por jornalistas sem escrúpulos ou encomendadas para destabilizar o equilíbrio emocional desses bravos, e consequentemente enfraquecer a união dentro do balneário, notícias que criam um mal estar no Braguista que teme pela perda das suas mais valias. É totalmente massacrado pela invasão de tais inverdades... Resta-lhe ler a imprensa regional, que defende os interesses do seu clube e lhe abranda a azia... Tempos difíceis que irão surgir a cada nova aurora... Mas o Braguista aguenta, pois o amor que arde dentro dele pelo clube da cidade que o viu nascer, torna-o forte e capaz de suportar isto e muito mais, pois está para chegar uma nova época, cheia de coisas bonitas para fazer e jogos para apoiar, vibrar e vencer. É com este pensamento, vontade e confiança que o Braguista se irá levantar e deitar todos os dias...

16.5.07

Bracarense, Arcebispo, Arsenalista, Braguista


Todas as palavras, por mais pequenas que sejam, têm um significado. Algumas têm até mais que um significado podendo a mesma palavra ser aplicada em vários contextos. Acontece também o inverso, várias palavras significarem a mesma coisa. Com o passar do tempo certas palavras caem em desuso e surgem outras novas que aos poucos vão entrando no vocabulário de cada um de nós e vão fazendo cada vez mais parte do nosso dia a dia, vindo estes novos vocábulos fazer companhia, e por vezes substituir, os antigos, enriquecendo assim a língua. Certos termos existem apenas num determinado local, ou numa determinada sociedade (se lhe podermos chamar assim), não fazendo por isso parte do vocabulário oficial da língua. Exemplo disso é a palavra Braguista.
Desde a criação do Sporting Clube de Braga que os adeptos do clube eram denominados por Bracarenses. Esta designação deve-se ao facto de os habitantes ou naturais da cidade de Braga serem Bracarenses, nome atribuído devido à cidade ter sido fundada no tempo dos romanos com o nome de Bracara Augusta. Apesar de já não ser utilizado com tanta frequência, por vezes utiliza-se o termo Arcebispos quando se fala da comunidade em volta do clube, mais uma vez com a razão a ser atribuída à cidade que, por em 1112 ter sido doada aos Arcebispos, é também conhecida por Cidade dos Arcebispos. Porém outra designação têm, a de Arsenalistas, esta tem a ver com o facto de José Szabo ter sugerido um equipamento para o Sporting clube de Braga, à semelhança do utilizado pelo Arsenal de Londres (equipamento utilizado ainda hoje) ficando a equipa a ser conhecida por Arsenal do Minho e, consequentemente, os adeptos por Arsenalistas.
Muitos anos mais tarde, devido a uma grande parte dos Bracarenses nutrir um certo sentimento por um clube de fora da cidade que lhes pertence, surge a necessidade de criar um vocábulo que destinga aqueles que somente apoiam e amam o clube mais representativo da capital do Minho, daqueles que por algum motivo sentem algo por outro clube, ou ainda daqueles que simplesmente habitam ou são naturais da cidade de Braga. Com esta necessidade, nasce o Braguista, palavra que não existe no dicionário e é vulgarmente utilizada pelas pessoas a que se refere. O significado é muito simples, caracteriza uma pessoa que ama um só clube e que o defende até que as forças não o permitam mais, sendo esse clube o Sporting Clube de Braga. A palavra Braguista, é uma palavra relativamente nova, e que é mais usada e conhecida pelos frequentadores mais assíduos da Internet nos sites e fóruns que se relacionam com o Sporting Clube de Braga, apesar disso, está a tornar-se cada vez mais conhecida e mais utilizada entre a comunidade Bracarense. Está a ganhar estatuto e a começar a ser conhecida pelo “mundo fora”. Existe já uma associação constituída por este tipo de adeptos, a Associação Braguista! Brevemente iremos ser reconhecidos como apoiantes de um só clube e a palavra Braguista vai figurar no dicionário da língua portuguesa, iremos finalmente ser diferenciados e dar a conhecer ao poder centralizado que os Braguistas são de carne e osso, e não simples hologramas...
Enquanto este meu sonho não se realiza e este dia não chega, resta-me apenas dizer que, quer sejamos Bracarenses, Arcebispos, Arsenalistas, ou Braguistas o que importa é estarmos unidos e apoiar única e exclusivamente o Sporting Clube de Braga...


P.S.: O significado da palavra Braguista aqui apresentado por mim foi, uma vez que a palavra não existe oficialmente, criado por mim, sendo assim, uma mera sugestão pela maneira como eu a vejo e gostaria que fosse vista pelos outros, podendo estar totalmente errada!

11.5.07

Jewel - Hands

If I could tell the world just one thing
It would be that we're all OK
And not to worry 'cause worry is wasteful
And useless in times like these
I won't be made useless
I won't be idle with despair
I will gather myself around my faith
For light does the darkness most fear
My hands are small, I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
Poverty stole your golden shoes
It didn't steal your laughter
And heartache came to visit me
But I knew it wasn't ever after
We'll fight, not out of spite
For someone must stand up for what's right
'Cause where there's a man who has no voice
There ours shall go singing
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
I am never broken
In the end only kindness matters
In the end only kindness matters
I will get down on my knees, and I will pray
I will get down on my knees, and I will pray
I will get down on my knees, and I will pray
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
We are never broken
We are God's eyes
God's hands
God's mind
We are God's eyes
God's hands
God's heart
We are God's eyes
God's hands
God's eyes
We are God's hands
We are God's hands



8.5.07

Mais um Domingo igual?


Manhã de Domingo, toca o despertador, dia de descanso para muitos, mais um dia de trabalho para outros, uma manhã a empregado de balcão para mim. Lá fora o sol ainda tem poucas horas de vida, mas já brilha com todo o seu esplendor. O céu, esse está limpo e azul, o que faz prever um magnífico Domingo. Poderia ser o porquê do sorriso estampado na minha cara e da felicidade que me preenche por dentro apesar da hora, mas não é, e por uma simples razão, logo á tarde há futebol na “Pedreira”, joga o meu clube, razão mais que suficiente para me fazer sorrir e renegar tudo o resto para segundo plano. Como não podia deixar de ser, visto uma camisola vermelha com mangas brancas e lá vou trabalhar. No curto caminho, encontro alguns conhecidos que me abordam e expressam a sua felicidade por logo irem ver jogar o clube mais representativo da cidade. Não é um hábito irem ao futebol, não por não gostarem de futebol, ou por apoiar outra equipa que não o Braga, mas porque nem sempre conseguem chegar ao fim do mês com mais de 1 euro no bolso... Já no local de onde devo estar até perto das 13 horas, reparo que as conversas giram todas em volta do jogo onde todos apenas esperam um resultado. Por entre as conversas lá consigo apanhar alguém a dizer que hoje vai levar a mulher e os 3 filhos ao estádio, outro que convidou uns amigos de fora de Braga para virem ao Estádio Municipal de Braga apreciar a sua beleza e ver o Sporting Clube de Braga jogar, outro ainda vai fazer uma surpresa à mãe (por ser o dia dedicado a ela) e levá-la ao estádio, ela que sofre sempre em casa agarrada ao relato que vai passando no rádio, mas mesmo assim torce por uma vitória do clube da cidade que a viu nascer. Todos levavam alguém pela primeira vez, e todos falavam em ir vestidos de vermelho. Do outro lado do balcão começo eu a sonhar em ver o estádio cheio e uma grande vitória do clube de todos nós, sonho prontamente interrompido pelo pedido de alguém. Em cada pessoa que vejo vestida de vermelho penso se também irá ver o espectáculo, mas não me atrevo a perguntar... O que é certo é que uma anormal quantidade de pessoas se veste de vermelho neste dia da mãe, ou talvez seja eu que estou mais atento a isso. Começa a nascer em mim, perto do estômago uma espécie de dor, é ânsia em chegar a hora do jogo... Olho para o relógio mas ele teima em andar devagar, muito devagar, nem um quarto de volta deu desde a última vez que olhei para ele... Após umas largas dezenas de clientes me terem dito que logo de tarde pode ser que nos voltemos a encontrar, o relógio lá faz o favor de dar umas voltinhas... Saio no fim do almoço para entreter o pensamento e tentar deixar de olhar para o relógio que voltou a abrandar o ritmo, ao contrario do meu coração, esse acelera cada vez mais. É inútil tentar distrair a mente de algo que amámos com tanta força, pois na minha cabeça só o jogo tem lugar agora. Continuo a reparar nas pessoas vestidas de vermelho e começo a reparar agora que muitas delas se fazem acompanhar de um cachecol, que não é para cobrir o pescoço do frio, que esse não se faz sentir, é para apoiar o clube cá da cidade. Todos se dirigem para o estádio, e eu, que já não aguento mais esta ânsia, sigo-lhes os passos. Hoje há uma movimentação anormal no mesmo sentido em que eu vou, algo de extraordinário se adivinha... Sento-me na cadeira de sempre ainda antes do habitual aquecimento das equipas, e olhando em volta, reparo que as bancadas estão já mais cobertas que no início de certos jogos. Sinto o primeiro arrepio ao imaginar as pessoas que ainda se dirigem para lá e ainda vão ocupar os lugares vazios, e começo a adivinhar uma enchente, um mar vermelho... Já mais perto do apito inicial reparo que nunca esteve tanta gente na Pedreira para apoiar o Braga! Para alguns este jogo tem um sabor especial, existe nele uma sede de vingança pelas duas derrotas sofridas este ano, contra a mesma equipa que hoje terá de lutar contra o apoio de cerca de trinta mil vozes de incentivo aos nossos bravos... É esta sede de vingança e esta vontade tremenda de vencer que me faz gritar golo com toda a força que conseguia, quando vejo pela primeira vez a bola a fazer abanar as redes da baliza contrária... Estava tudo perfeito até que perto do fim uma tristeza se aproxima de mim querendo estragar a festa, mas eis que, contra a crença de muitos dos presentes, um remate com fé, força, garra e vontade faz a bola beijar o fundo da baliza, faz erguer um estádio, faz matar a sede de vingança de muitos faz encher o coração de alegria de outros e faz-me perder a total noção das coisas de tal modo que dei comigo com uma grande parte dos músculos contraídos, um punho fechado de raiva, e um abraço forte a alguém que o merecia. Consigo inexplicavelmente abstrair-me de tudo isto, para durante cerca de dois segundos imaginar aquele jogo como sendo o jogo do título, aquele golo como sendo o decisivo e aqueles adeptos como sendo os normalmente presentes, apenas um arrepio ainda mais forte me faz voltar a mim e lembrar com um enorme desejo de concretização esse sonho... E assim foi mais um Domingo, mais um Dia da Mãe que tinha tudo para ser igual a tantos outros, mas acabou por ter tudo para ser diferente e marcante...