14.2.08

Acorda-me quando chegares XIV


Por entre o nevoeiro
Dos dias atarefados vi-te chegar.
Foste aos poucos entrando,
Na vida que guardava por inteiro.
Era cada vez mais angustiante a espera
Pelo reencontro certo que tardava,
E cada vez mais difícil o adeus
Que por poucas horas me matava!
Morte não perpetua,
Deste corpo insano,
Mas morte da alma,
Que pela dor, ia fraquejando.
Repousava forçosamente
Num sono quase eterno,
Desperto apenas pelo tom de voz
Calmo e sereno
De um anjo que me deu a beber
O seu mais fatal veneno.
Veneno poderoso em que me viciei
Parar de tomá-lo torna-se impossível!
Por um anjo alado me apaixonei,
Ainda que seja pouco credível.
E hoje, perante estes
Que desejava serem trinta mil
Secretamente te sussurro
Leve e de mansinho
O que a minha alma grita
Desesperadamente
Cá dentro
Com medo que tu não oiças
Encosto a boca tremula
Ao teu ouvido delicado
E por breves momentos esqueço tudo
Até mesmo que existo
Apenas me lembro e sinto
O que os meus lábios acabaram de dizer
Palavra pequena e de enorme significado
Que demostra toda a insanidade que me compõe
Devagar, com carinho e ternura
Solto um Amo-te
E um sorriso
Por saber que também o disseste...

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