27.12.09

Ignorado


Não me sai o grito
Amordaçado pelas cordas vocais.
Ao pensamento então suplico
Que me liberte a raiva e outros que tais
Em vez desta água salgada
Que mantém a face molhada,
Me desfoca a visão e cai lentamente,
Secando na folha onde escrevo
E marcando-a eternamente.
Não desvio o seu caminho
E deixo-a percorrer o seu leito
Imaginando que é um carinho
De alguém que guardo no peito,
Tentado não me sentir sozinho.
Vivo sem vontade que chegue o amanhã
E de tirar a mão que me apoia a cabeça
Sobre um cotovelo cansado de me ouvir,
Não me vai responder, mesmo que peça.
Levanto a cabeça e não tenho nada a dizer,
Sinto-me cansado de tentar viver
Neste mundo cada vez mais real,
Olho o espelho e que vejo afinal?
Quero mudar tudo aquilo que sou.
Talvez exista um lugar certo para cada um,
E o meu é certamente onde nunca estou.
Será que existe mesmo lugar algum?
Terei eu noção de para onde vou?
Tenho nada mais do que cansaço
De um livro continuar a escrever
Que afinal só retrata um fracasso
De alguém que nem sequer sabe viver...

14.12.09

O meu jornal desportivo II


Braga-Naval

«Nem a força Naval os tira da liderança»


São já treze as jornadas da liga de futebol 09/10 e não se conhece outro líder a não ser o Sporting Clube de Braga. Tal como publicado no site oficial do clube “Não é sorte... é talento”. Desta vez foi a Naval 1º Maio a não conseguir vencer os Gverreiros do Minho, que perante a sua legião de 10 000 almas que resistiram a temperaturas gélidas (o fervor Braguista aqueceu-os durante o jogo), lutou durante todo o encontro contra o anti-jogo, a passividade e serenidade do árbitro Rui Costa perante as atitudes de falta de vontade de jogar futebol por parte da equipa visitante, e também contra a Naval, que apesar de só defender, também lá estava em campo, melhor meio campo! Perante uma equipa que viajou de tão longe em busca de um precioso pontinho, os Arsenalistas entraram com toda a força e decididos a mostrar quem manda em Braga. Foi o que demonstrou Moisés, após canto na esquerda e alguma confusão na área, a bola sobrou para o central que em cima da linha limite da grande-área rematou com potência a rasar a barra. Um tiro que acertou na água mas que assustou a frota toda. Meyong também tentou a sorte após cruzamento rasteiro de Alan mas a bola saiu ao lado baliza da Naval. Augusto Inácio, que viu a primeira parte ser jogada ao longe, apercebeu-se do perigo em que estava a sua armada e decidiu defendê-la com unhas e dentes. Incutiu isso nos seus pupilos, que acataram as ordens e limitaram-se a defender até ao intervalo. Com a chegada da 2ª parte apenas mudou o meio terreno onde mais tempo estava a bola, ora atacava o Braga, ora aliviava a bola a Naval. Meyong voltou a assustar com um cabeceamento a passar ao lado poste após cruzamento de Hugo Viana. Intensificou-se a pressão ofensiva do Braga e aumentou o número de cantos e pontapés de baliza para a Naval. Pontapés de baliza que eram sempre colocados no seu jogador mais alto, Baradji, que cabeceava ora para um jogador do Braga, ora para outro jogador do Braga. Pouco depois Matheus cabeceia a bola na área mas esta vai de encontro com Peiser. Cheirava a golo na Pedreira, e Rui Costa como tem nariz também cheirou e decidiu meter o dedinho onde não devia. Decidiu-se então por marcar faltas de jeito e equilíbrio dos jogadores da Naval e por não fazer cumprir as leis do jogo sendo bastante complacente com o anti-jogo praticado pelos figueirenses. De destacar ainda dois remates de Matheus que cara a cara com Peiser enviou uma bola por cima da trave e outra acertou no guarda-redes. Mais pontaria tiveram os figueirenses que aos 93 minutos lá conseguiram efectuar o primeiro remate que acertou na barra. Acabou o jogo com o mesmo resultado que tinha começado muito por culpa de Augusto Inácio, o único homem carta de pesados para retirar o autocarro da frente da baliza decidiu deixar-se ficar pelo banco de suplentes... estava frio! E se outros podem ser tendenciosos porque não posso ser eu?

10.12.09

Feridas


Sento-me num canto
Enquanto vejo quem passa,
Enquanto seguro o meu pranto,
Fogem-me lágrimas que a mão disfarça
Por não encontrar em viver
A mais pequena ponta de graça.
Os que passam deixaram de ter dó,
Eu apercebo-me afinal que estou só.
Só num mundo que me abre feridas,
Tento carregar os meus fardos
E atravesso o leito de uma vida
Que me vai penando com cardos.
Deixei de perguntar porquê
E pergunto agora, para quê?
Para quê mostrar boa cara
Se a ferida aberta dói e não pára?
Para quê continuar a sorrir
Se na verdade só me apetece desistir?
Ainda sinto as picadas, espinho por espinho
Continuo a alterar o destino do meu caminho.
Uma senda teimosa que só me leva
Onde existe apenas a solidão,
E lá do fundo a escuridão se eleva.
De nada adianta pedir perdão,
Mais um espinho será espetado
Outro prego será cravado
Nas tábuas do meu caixão...

6.12.09

O meu jornal desportivo I


Se há coisa que me revolta é ler jornais desportivos. Não compro nenhum porque pagar duas ou três moedas para ler meia ou ¾ de página de mentiras, pressões e presunções acho um desperdício... de papel! Como tal sei por terceiros as notícias vergonhosas que vão sendo publicadas por jornalistas de pouca credibilidade. Não sendo eu jornalista e não tendo qualquer credibilidade resolvi criar o meu espaço noticioso aqui no superbraga. Não me importa se as noticias que eu vou escrever são falsas ou verdadeiras, mas vou falar só do Sporting de Braga e vou puxar a brasa sempre à minha sardinha. Não precisa de ter nome, basta chamar-se “O meu jornal desportivo”, se os outros podem escrever as mentiras que bem lhes apetece, porque não posso eu também escrever?


Leixões – Braga


«Empate injusto no lamaçal serve para manter liderança»


Noite de sábado invadida por uma tempestade que durante todo o dia se abateu sobre o Estádio do Mar. A deficiente drenagem do relvado aliada à má qualidade da relva (já com remendos visíveis em alguns pontos) tornava a casa do Leixões sem condições para a prática do futebol. Assim não o entendeu o árbitro Leiriense Olegário Benquerença, nem a Liga de clubes, que curiosamente decidiu adiar o jogo Oliveirense – Fátima pela mesma questão.
Com o Braga instalado no meio campo Leixonense apenas em contra-ataque o Leixões conseguia acercar-se da baliza Arsenalista, mas sempre sem perigo. João Pereira teve oportunidade de inaugurar o marcador após uma boa combinação com Madrid, que lançando a bola por cima dos defensores contrários deixou João Pereira em boa posição para marcar, mas o remate saiu um pouco ao lado. O mesmo João Pereira aos 19 minutos viu o árbitro erguer o cartão amarelo por ter proferido pela primeira vez no jogo palavras que terão ferido a susceptibilidade do árbitro do encontro. Um amarelo que foi demais até porque nem tinha sido o número 47 a fazer a falta. O golo do Leixões nasceu de um pontapé para a frente (táctica utilizada durante todo o jogo) que obrigou Moisés a fazer um atraso para o guarda-redes, que devido ao estado impraticável do relvado desviou a bola do guardião da Selecção Nacional e se encarregou de a encaminhar para o fundo da baliza. Não merecia o Braga pelo jogo que estava a fazer, não merecia o Leixões pelo jogo que não estava a fazer e nem merecia a legião de 500 Gverreiros que apesar da chuva intensa se deslocaram a Leixões para ver o jogo. Com a equipa da casa a jogar ainda mais à defesa e a fazer anti-jogo constante, poucos lances de perigo houveram até ao final da primeira parte. Apenas uma equipa procurou o golo ate a recolha aos balneários. A segunda parte trouxe duas mexidas no onze do Braga, saíram Madrid e Meyong, entraram Hugo Viana e Matheus, o brasileiro que curiosamente teve uma soberana oportunidade de igualar o marcador, mas sem o guarda-redes entre os postes tentou picar a bola sobre os defesas, e esta acabou por sair ao lado. Antes disso destaque para a expulsão de Braga por acumulação de amarelos e por ter feito falta sobre o jogador do Braga por trás, e quando este já não tinha a bola em seu poder. Decidiu bem Olegário mas apesar de todo o alarido criado pelos jogadores da casa nenhum foi admoestado com o cartão amarelo, ao contrário de João Pereira, dualidade de critérios demonstrada pela equipa de arbitragem. Reduzida a dez elementos a equipa do Leixões limitou-se a defender com unhas e dentes e a colocar a bola o mais longe possível da sua baliza, isso foi bem notório pelos 8 pontapés de baliza marcados pelo defesa Laranjeiro, em que colocava a bola sempre na esquerda do seu ataque onde curiosamente apenas se encontrava João Pereira. Já na recta final do encontro o árbitro demonstrou que tem boa audição (ou então não) ao expulsar do banco o treinador Domingos Paciência por ter proferido algo ofensivo que o árbitro ouviu... no meio do campo! De nada serviu a tentativa de Olegário em destabilizar os minhotos que poucos momentos depois empataram por Alan, fazendo rejubilar os adeptos da capital do Minho que se mantiveram de pedra e cal nas bancadas frias e descobertas do Estádio do Mar. Até ao fim o Braga não consegui colocar justiça no resultado, que premiou com um empate uma equipa que nada fez para marcar um golo, e se refugiou no anti-jogo e pontapé para frente. Merecia outro resultado o Braga, mas ainda assim continua isolado no primeiro lugar da Liga e a depender só de si para se manter lá. E se outros podem ser tendenciosos porque não posso ser eu?