10.12.09

Feridas


Sento-me num canto
Enquanto vejo quem passa,
Enquanto seguro o meu pranto,
Fogem-me lágrimas que a mão disfarça
Por não encontrar em viver
A mais pequena ponta de graça.
Os que passam deixaram de ter dó,
Eu apercebo-me afinal que estou só.
Só num mundo que me abre feridas,
Tento carregar os meus fardos
E atravesso o leito de uma vida
Que me vai penando com cardos.
Deixei de perguntar porquê
E pergunto agora, para quê?
Para quê mostrar boa cara
Se a ferida aberta dói e não pára?
Para quê continuar a sorrir
Se na verdade só me apetece desistir?
Ainda sinto as picadas, espinho por espinho
Continuo a alterar o destino do meu caminho.
Uma senda teimosa que só me leva
Onde existe apenas a solidão,
E lá do fundo a escuridão se eleva.
De nada adianta pedir perdão,
Mais um espinho será espetado
Outro prego será cravado
Nas tábuas do meu caixão...

1 comentário:

Vlinder disse...

Estavas a falar de mim? ;) brincadeira, parecias eu a falar*