2.4.11

Ditado

- A lágrima que continua prisioneira do teu salgado olhar, fere-me como uma lâmina de gume afiado no peito. A comida não tem vontade de passar, o ar não tem vontade de entrar e o sangue continua a não querer brotar por esta ferida. Talvez já não tenha sangue, talvez a ti pertença também. Talvez o meu corpo em boa verdade já não o seja, talvez seja simplesmente teu e sejas tu quem coordenas os movimentos, emoções e elucidações desta pequena carcaça humana que se arrasta no passar dos dias. O nariz inala apenas o teu perfume e fareja apenas o cheiro que a ti pertence, doce, leve, que me transporta apaixonadamente para um lugar inalcançável onde apenas existes tu esperando por mim, para me acolheres em teus braços carinhosos como o conforto de um cobertor à lareira numa tarde chuvosa e fria de um qualquer domingo de inverno rigoroso. Teus olhos cristalinos, bloqueiam-me as palavras de se fazerem ouvir, presas na ponta de uma língua sedenta por sentir o mar de emoções emanado pelo teu beijo mágico. Não quero abusar de ti, nem que de mim fujas, apenas tenho vontade e força de querer suficientes, ao que julgo, para derrubar estas barreiras físicas, emocionais e imaginadas, criadas por ambas, e por um mundo real que nada percebe de sonhos, vontades e desejos. Triste é aquele que sabe o que é amar porque sofre… sofre com as duvidas e as questões dos outros, pois com as dele pode ele bem. Deixa-me voltar a sonhar contigo, alista-te no meu sonho onde serás a única candidata a papel principal. Não deixes arrefecer o fogo que queima e marca por dentro, alimenta-o, confia, sorri e torna todo este amontoado de letras um só e única verdade total… Amo-te!

 Era isto que querias dizer?
- Não…
- Mentiroso!

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