Preciso tocar nas feridas,
Rever-me no passado
E encontrar saídas
Para uma dor que guardo
Infligida por um dardo
Envenenado de esquecimentos
Não da minha própria mente
Mas das outras, de toda a gente.
Proliferam lapsos memoriaisQue cravam dores intemporais
Num encéfalo que pede que aguente
As outras dores corporais
Por esforços físicos, mentais,E outras insignificâncias que tais.
Vivo no medo de cair,
Na incerteza do que quero,
No não saber o que espero.
Criticam-me os ideais,
Interrogam-me as escolhas,
Parem de fazer sentido
De uma vez por todas...O que me dizem não entendo,
O que entendo não me foi dito,
Continuo a viver de tino aflito
E porque não me surpreendo?
Porque não sou capaz de arriscar,Não tenho no dicionário tentar
Mesmo que falhar seja o destino,Esse que me parece só mais um cretino.
Que a raiva que me sai pelos dedos
Se transforme de vez em vontade
De vencer todos os medos
E por uma vez arriscar de verdade
Sem receio do que há-de vir
Sem temor de cair.
Desofuscar esta escuridão,
Pedir aos demais perdão
E jurar não mais me iludir,
Para não cair na desgraça
De seguir o trilho que a malvadez traça...
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