Às vezes
doí-me, como se ma apertasse de raiva com toda força do mundo. Não sangra,
porque o sangue não mora lá, mas continua viva, continua a penar, continua a
arrastar-se por não ser mais capaz de andar, por lhe pesar cada nada que lhe
carregam nas costas, vergadas, gastas e a pedir clemência. Trava-se a vontade,
aumenta-se o desejo, cala-se a voz e cerram-se os punhos. Não quebra, resiste e
persiste tal como a dor. Entala-me a garganta como se me estrangulasse com os
seus dedos finos e cruéis, mas não me quer matar, não, prefere ver-me sofrer,
prefere ver a cara de dor, o pânico que os olhos escondem e os nervos que o ar
sereno não deixa transparecer. São como estocadas certeiras, rápidas,
silenciosas, minuciosamente preparadas. Não sou capaz de as travar, nem consigo
sequer reagir, sinto apenas a dor, forte… Às vezes doí-me, como se ma quisessem
rasgar, dar por perdida, destinar-lhe o fim que ainda recuso encontrar. Às vezes
doí-me e não há cura nem atenuador porque às vezes… Às vezes doí-me a alma…
30.5.12
27.5.12
Um ano depois
É difícil
encontrar a data do início, tal como é difícil definir a data do primeiro
aniversário. Alarga-se por isso as comemorações ao dia adjacente, sempre ciente
que na verdade isso nem importa nada. Não é um dia para trás ou para a frente
que vai mudar a forma de crescer e evoluir deste meu sentimento tão nosso. Na
verdade acaba por ser giro dizer que o aniversário é ali algures entre um dia e
o outro. Um pouco à semelhança de quando te conheci, um pouco à semelhança de
todos os cafés que tomámos com o único objetivo de satisfazer aquele bichinho
que nos roía cá dentro e que nem sabíamos o que era mas que negávamos sempre,
um pouco à semelhança daquelas conversas quase até nascer o dia que nunca sabíamos
se tinham começado hoje ou se seria ainda ontem. Tempos confusos e de negações
constantes que um beijo acabou por alterar. Sim lembro-me bem… Recordo com
carinho o local, fecho os olhos e consigo imaginar tudo de novo, o friozinho na
barriga, as mil e uma perguntas sem resposta, tudo isso acabou num instante, e
de repente, senti-te ao alcance do meu braço, senti-te ao alcance do meu
abraço. Lembro-me de como me tremiam as pernas enquanto me sentava no muro,
lembro-me de como te arrepiavas e culpavas o frio que se fazia sentir, mas
acima de tudo lembro-me do sorriso, puro e singelo, lembro-me do brilho dos
teus olhos, lembro-me do carinho, lembro-me da paixão… Ai é tão bom estar
apaixonado, sentir o coração alado a bater tão forte só por lembrar o teu toque
suave e doce, e sabes uma coisa? Continua tudo igual… Há um ano que jurei lutar
por ti e contigo, enfrentar todas as batalhas com garra, jurei amar-te e jurei
fazer com que te sentisses apaixonada todos os momentos da tua vida, tudo em
troca de um sorriso, afinal um sorriso é o que de melhor me podes dar, e a
paixão é o melhor que temos como sentimento. Ao fim de um ano parece que te
conheço há uma década, completas-me, fazes-me bem, fazes-me feliz. Podia ter
engalanado e embandeirado este texto, podia ter escondido algo aqui pelo meio,
mas não o fiz, escrevi pura e simplesmente o que sentia, relembrando os fins de
Maio do ano passado, escrevi o texto com a simplicidade, pureza e verdade com
que te digo que te amo Joana…
21.5.12
Contos da minha fada
Há histórias e há histórias de amor.
Contos de fadas, autênticos paraísos
Cheios de brilho, sentimentos e sorrisos,
Onde reina a felicidade num mundo cheio de cor.
Existem princesas que perdem sapatos,
Que adormecem eternamente,
Presas em torres por mentecaptos,
Salvas por um príncipe carinhosamente.
Largam casas, cabanas e grutas de gelo,
Perdidas nos arredores, ou mesmo na floresta,
Casam-se com o amado príncipe, fazem uma festa,
Mudam-se para o palácio e criam o próprio castelo.
Derrotadas as forças do mal,
Prevalecerá a paz nos seus castelos,
Nada mais atormentará o casal
E terão em suas vidas os momentos mais belos.
Não quero que sejas a Cinderela,
A Rapunzel ou a bela adormecida.
Serás sempre a Joana, sempre a mais bela,
Com quem quero ficar toda a minha vida.
Não o digo por ser bonito,
Não o digo porque mo ensinaram
Digo-o nos olhos que me apaixonaram
Digo-o com o coração que fica aflito.
Digo-o a todo o Mundo se precisar
Por se tratar da minha maior glória.
Há histórias e histórias de encantar,
Mas a melhor será sempre a nossa história.
10.5.12
Há dias
Há dias em
que as palavras me faltam,
Dias em que
o azar teima em rimar com destino
E me levam a
um total desatino,
Dias em que
à franja os nervos me saltam.
Tremem-me as
mãos, esvanece-se a visão,
Turvam-se os
sentidos, aperta-se o coração.
Dói este
desalento que me corrói
Dói pensar,
dói agir, dói ferir…
Dói… Sei que
não mata, mas sei que mói…
Há dias em
que as palavras são demais,
Melhor fora
se estivesse calado
E a flor não
tivesse secado
Com
palavras, palavras a mais...
Há dias em
que o telemóvel não liga,
Em que a
máquina do café não é amiga,
Fica-te com
o troco e nem a bebida adoça,
Há dias em
que um arranhão parece uma mossa.
Há dias que
não me apetecia ter
E dias que
eu nem queria ver,
Há dias que
me roubam o querer
E dias que nem
dias deviam ser…
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