Às vezes
doí-me, como se ma apertasse de raiva com toda força do mundo. Não sangra,
porque o sangue não mora lá, mas continua viva, continua a penar, continua a
arrastar-se por não ser mais capaz de andar, por lhe pesar cada nada que lhe
carregam nas costas, vergadas, gastas e a pedir clemência. Trava-se a vontade,
aumenta-se o desejo, cala-se a voz e cerram-se os punhos. Não quebra, resiste e
persiste tal como a dor. Entala-me a garganta como se me estrangulasse com os
seus dedos finos e cruéis, mas não me quer matar, não, prefere ver-me sofrer,
prefere ver a cara de dor, o pânico que os olhos escondem e os nervos que o ar
sereno não deixa transparecer. São como estocadas certeiras, rápidas,
silenciosas, minuciosamente preparadas. Não sou capaz de as travar, nem consigo
sequer reagir, sinto apenas a dor, forte… Às vezes doí-me, como se ma quisessem
rasgar, dar por perdida, destinar-lhe o fim que ainda recuso encontrar. Às vezes
doí-me e não há cura nem atenuador porque às vezes… Às vezes doí-me a alma…
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