Chamam-lhe teatro dos sonhos. Nem me
interessa saber porquê, para mim ficará para sempre gravado esse nome por me
ter feito sonhar, e como o sonho comanda a vida, fez-me viver. Fez-me sonhar
primeiro com a possibilidade de voltar a terras de sua majestade, mas não fui,
fiquei por cá a sofrer, podia ter sido pior e podia estar do outro lado do
Mundo a sofrer ainda mais. Sofri, antes do apito inicial o friozinho na barriga
não me deixava sossegar, mexia as pernas sem sentido, não me concentrava no que
me diziam, não fazia sentido por mais atinado que fosse. Após as pancadinhas de
Molière, um cruzamento com olhinhos do Hugo Viana encontrou a cabeça do Alan
que lhe deu a melhor direção possível, as redes de Old Traford, leva-me ao
delírio, grito, cerro os punho com bastante força, é golo, é do meu Braga, calámos
os ingleses, marcámos um golo, quase nem acredito. É quase tão difícil, para
mim, acreditar neste golo como é acreditar que consigo ouvir os Gverreiros que
na bancada puxam com toda a força pelo clube de que tanto se orgulham. Somos
nós, os do Braga que lá estamos, somos nós que acreditámos que os sonhos se
realizam. Assim o fez Éder, acreditou que era capaz, acreditou que conseguia e
conseguiu mesmo, fintou o defesa, levantou-me do sofá e obrigou Alan a não
falhar novamente, que sensação, que desassossego, que nervos, que vontade, que
grito, que arrepio agora que me lembro disso… Marcámos dois golos ao Manchester
United, no seu próprio covil, trocávamos a bola, jogávamos bonito, mostrava-mos
a nossa raça, a nossa crença o nosso valor. Por dentro sabia que havia muito
jogo, mas continuava a sonhar… Aos poucos o sonho foi-se perdendo e acabei por
acordar. As luzes continuavam acesas, caímos com a cortina, mas caímos tal e
qual como ela, caímos em pé, mostrámos que somos Gverreiros, mostrámos contra
um colosso europeu que quando se acredita tudo é possível. Não me venham com
pieguices, não culpem ninguém, saibam ver o futebol como futebol que é, vejam o
jogo como um jogo sem polémicas com duas excelentes equipas, que lutaram ambas
pela vitória, que jogaram limpo, que jogaram bonito, que jogaram futebol e não
se limitaram a jogar à bola, orgulhem-se do Braga e não apontem o dedo a
ninguém. Adivinho o que me amanhã me dirão, e só me deixam duas possibilidades de
resposta que é com dois dedos bem esticados, se amanhã falarem para mim,
escolham bem o dedo que querem ver erguido. Caímos de pé como a cortina, no
palco do teatro dos sonhos, e mesmo depois da luz apagar eu vou continuar de pé
a aplaudir, porque tenho orgulho no meu Sporting Clube de Braga…
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1 comentário:
orgulho no enorme :) nos jogos passados o braga tem estado um pouco adormecido mas ontem gostei de ver. Tinham garra e vontade de vencer. Foi pena na 2ª parte terem-se ido um pouco abaixo mas fizemos um excelente jogo contra uma excelente equipa!
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