5.12.06

Espero o amanhã...


"Só hoje senti
Que o rumo a seguir
Levava pra longe
Senti que este chão
Já não tinha espaço
Pra tudo o que foge
Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar
E hoje deixei
De tentar erguer
Os planos de sempre
Aqueles que são
Pra outro amanhã
Que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Só hoje esperei
Já sem desespero
Que a noite caísse
Nenhuma palavra
Foi hoje diferente
Do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer
Bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer
Qualquer outro fim..."

(Mafalda Veiga)



É mais uma vez ao relento, numa noite fria, que tento pôr em palavras o que me vai na cabeça... O frio gela-me os pés, mas não consegue gelar o pensamento, nem o tempo, nem os sentimentos (é pena)! Ainda o tentei convencer a fazê-lo e apresentei argumentos válidos em como quer eu quer os outros não tinham nada a perder! Afinal sou pequeno demais para uma sociedade que teima em fazer-me esconder... Poucos seriam os que dariam pela minha falta! Mas não foi isso que me trouxe para o frio... O que me fez querer sentir esta dor, tal e qual uma penitência, foi o dia de hoje, longo demais para ser verdade! Parece que toda a gente sabe onde encontrar o "boneco anti-stress", toda a gente sabe em quem descarregar a fúria que se acumulou por isto ou por aquilo ao longo do dia dentro da mente de cada um e lhes fez ferver o sangue, cerrar o punho e sentir um vazio no estômago... Pena ter sido eu o alvo de muita gente hoje (gente demais, arriscaria a dizer), o dia parecia não querer chegar ao fim, e quando chegou, pensei eu, "que alivio"... Já em casa, preparava-me para fazer algo que me relaxasse, me fizesse sentir vivo e sentir que afinal sou gente, mas eis que descubro que afinal faltava alguém que também parece que não tinha tido um dia muito bom e ainda não me tinha encontrado... Durante o dia de hoje tive o trabalho acrescido de ouvir uma dúzia de pessoas com vontade de descarregar o sentimento que lhes pesava e passei o dia todo com carinha alegre, porque entendi que essas pessoas estavam a precisar de soltar toda aquela gana com alguém e embora soubesse que eu não tinha culpa de nada não me manifestei... deixei andar porque eles estavam a precisar!!! Quando pensei que tudo tinha acabado e preparava-me já para encarar um dia novo e falar com alguém que me iria fazer sentir bem, encontro aí também palavras estranhas, que mais uma vez não entendi o porquê... Resta-me esta penitência para sentir uma dor física que me apazigúe a dor que tenho cá dentro e a esperança de encontrar o dia de amanhã...

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