30.5.10

(Des)ilusões

Já nem sei se me sinto. Serei feito de carne e completado de alma ou estarei incompleto e largado ao degredo? Quem me irá dizer, nem sequer sabe se o pode ou se o deve. Sinto-me vazio por dentro, falta-me a alma, a chama que me aquece. Gélido no interior vagueei no vazio das horas que deveriam ter sido de descanso, mas preencheu-as a ansiedade, a crença, a ilusão! Deixei-me iludir por um Luís de Matos que não transforma lenços de seda em pombas brancas, mas transforma sentimentos não adquiridos por vontade própria em desilusões que me fazem questionar vezes sem conta porque raio eu tentei, ou porque raio achei que deveria dar a entender o que ia tentar. Mas quem nunca sonhou que era capaz de voar? Eu só tentei passar o sonho para a realidade. Merecia tamanha queda? Talvez. Foi essa a maneira que o “desilusionista” encontrou para me acordar para a realidade, em que eu fui capaz de ver que para voar preciso ter asas, não basta apenas imaginá-las ou querer tê-las com toda a força. “As ovelhas não são para mato, para mato são as cabras”. Eu não fui talhado para voar, tenho de me juntar aos meus semelhantes e não desejar o que não posso ter. Lido mal com a rejeição, e pior ainda se não sei porque me negam a descolagem. Porque me fazem acreditar que consigo tocar no céu se ao mesmo tempo me atam os pés ao chão sem que me aperceba? É demasiado para conseguir processar de uma vez só e assimilar correctamente todos os sentimentos... Se há quem por um lado me eleve a crença e me dê valor, há por outro que me destrua por dentro os pilares mais largos do meu sustento emocional, fazendo transbordar a agua salgada que os olhos não são capazes de segurar e as mãos incapazes de disfarçar... Um dia destes levanto-me de novo, ergo a cabeça e sigo em frente, agora vou dormir um sono profundo e esperar que acorde, talvez ainda hoje, talvez só amanhã...

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