18.8.10

Atiro-me ao rio

Parado no tempo,
Sem me mover no espaço,
Fixo o olhar no firmamento
E abro ao máximo cada braço.
Uma leve brisa beija-me o rosto
Num gesto terno de despedida
E eu tento fingir que não gosto
De me despedir desta vida.
Sem balanço ganho apenas coragem
De sem dobrar o joelhos, me inclinar
E esperar não atingir a margem
Deste rio onde me vou afogar.
A leve brisa passa rajada forte,
O equilíbrio a abandono
Será esta a queda para a morte
Atingido o ponto sem retorno.
Não espero que venham atrás de mim
E me sigam cruéis pisadas
Não sou modelo, não sou assim,
Sinto-me apenas de mãos atadas.
Se o rio quiser hei-de vir à tona
E hei-de encalhar na mesma pedra
Que se tornará senhora e dona
Da reles vida que me deserda!

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