Faz-me falta uma dose de loucura
Das doses maiores, sem olhar a meios,
Da fresca, da nova, da pura
Que me leve por caminhos alheios
Me faça abrir os olhos cheios de poeira,
Me faça sentir vivo e que vale pena
Viver a vida quer queira ou não queira,
Mesmo que lá dentro a temperatura seja amena
E nada mais haja que me aqueça e me alente
Nada mais me preencha a mente
Nem o lugar que de vazio deixou de existir.
Não mora cá ninguém, nem sei bem se o quero,
Se o deva voltar a ter ou o deva deixar extinguir
Com a razão de que nunca será o que espero.
Deixo-me torturar por este comum vazio
Que se diz não se querer vago
E me morde ferozmente a cada trago
Deste fel venenoso, agreste e baldio
Que aos poucos me vai dissecando
Esta desenxabida treta que chamo vida
E que aos poucos me vai deixando de ser querida,
Que aos poucos me vai matando...
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