Afinal
o futebol para vocês é o quê? Riem-se de mim se vos disser que futebol para mim
é uma doença? Dói-me o peito de tanto sofrer na bancada, os dedos roídos
sangram pedindo clemência, a concentração foge-me sempre que penso num símbolo,
no símbolo do Sporting Clube de Braga, a voz, essa já cá não mora, mora a rouquidão
no seu lugar, pois não me canso de cantar, não me canso de gritar e não me
canso de sentir… Sentir o Sporting Clube de Braga percorrer-me as veias, sentir
os punhos bem fechado e bem erguidos a cada golo, cantar em uníssono o que
afinal os une, este amor, esta paixão, esta doença… Não se riem de mim? Então
bem-vindos ao meu clube, pois sei que tal como eu se arrepiaram, tal como eu
viram um qualquer golo do Sporting Clube de Braga enquanto liam, tal como eu
leram com calma para melhor apreciarem o prazer que sentiram. Tal como eu são
doentes, pertencem a uma legião de doentes, mas não somos doentes da bola,
somos doentes pelo Sporting Clube de Braga, sonhamos com bandeiras, cânticos e
palmas, orgulhámo-nos de cada página da história e recordamos com uma lágrima
ao canto do olho e um arrepio por todo o corpo a entrada da nossa equipa, a
equipa da nossa cidade, os Gverreiros do Minho no Aviva Stadium… Sofro por ti,
passo a semana a pensar no próximo jogo e chegada à hora aperta-me o estômago,
nasce aquele friozinho na barriga que me desatina o pensamento, que me mantem
vivo, que me dá luz e que eu tanto adoro. Sou drogado e a minha droga é o
Sporting Clube de Braga, não quero reabilitação, quero morrer assim,
dependente, doente, mas feliz… Feliz por pertencer à melhor família do Mundo,
onde dentro de um estádio se constroem laços que nem derrotas podem desfazer. À
chuva, ao frio, percorremos quilómetros, fazemos sacrifícios, queimámos a pele
debaixo de um sol tórrido, somos doidos, mas sorrimos! Cortam-nos as pernas,
cortam-nos as tarjas, mas não nos cortam a voz e fazem-nos crescer a alma!
Estamos cá para o que der e vier, estamos cá para gritar até sem ficarmos sem
voz. Estamos cá para lutar sempre, um Gverreiro não desiste, não se esconde e
as únicas lágrimas que verte são de orgulho e de alegria. Este é o meu futebol,
que me tira o ar, me morde nos dedos, me faz abraçar toda a gente. É o lado
bonito do futebol, o único lado que devia existir… Não te rias de mim, conta-me
o que é o futebol para ti!
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