Que futuro? É a pergunta que mais faço quando
falo apenas comigo mesmo. Não consigo imaginar o futuro, não consigo olhar em
frente e ter uma imagem, ainda que ténue, do que poderei fazer ou que caminho
poderei seguir. Sinto-me deveras perdido. Tenho 25 anos. Talvez devesse começar
um novo projeto na vida, a verdade é que tenho imensa vontade de o fazer, mas
nada mais me resta que a simples vontade. Sinto-me incapacitado por quem tem
poder para tal, por quem se acha capaz de comandar as vidas de um país, por
quem fala do futuro e das melhorias que ele traz mas que na verdade nunca foram
vistas. Fico angustiado, grito de desespero, choro de tristeza por me roubarem
os sonhos e no fim não me sinto aliviado, sinto-me preso a umas correntes que
parecem definitivas, sinto-me controlado como uma marionete. Não vejo solução
para uma vida que parece estagnada, condenada a definhar até ao juízo final.
Não tenho futuro, não existe futuro, existe e existirá sempre um presente
pesado que me fará penar e ficar revoltado. Não me venham a mim dizer que os jovens
de hoje em dia não querem empregos, que não querem fazer nada, não querem
trabalhar. Isso para mim são tretas, são muitos os que como eu lutam
diariamente para sobreviver, sujeitando-se a tudo e mais alguma coisa, na
esperança que um dia o futuro aconteça. Sinto-me roubado e mal tratado pelo meu
próprio país, sinto-me indesejado aqui quando as medidas que me mostram me
querem obrigar a deixar a minha nação. Mas a quem governa deixo o aviso, o país
é do povo, não de quem governa, e eu recuso-me a emigrar, recuso-me a deixar o
meu país. Antes morrer na podridão das mentes de alguns que ceder a pressões
bacocas. É triste não existir futuro para os jovens no seu próprio país, é
triste prenderem-nos a uma vida impossibilitada de mudança onde cada vez mais somos
obrigados a ter menos, somos obrigados a sacrifícios injustos e inglórios. Não
me obriguem a pagar pelos erros de quem cá chegou antes de mim, julguem quem
agiu de má fé, condenem quem nos arrastou para o fundo do poço e encontrem
medidas justas que nos mostrarão o caminho da subida, onde ainda existe
esperança, onde ainda existe futuro. Deixem-me viver, deixem-me voltar a ser
feliz e voltar a ter orgulho em ser português. Não destruam os sonhos a quem
tem força para lutar por eles. Deixem-me pelo menos (voltar a) ter um futuro…
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