Tentei matar-te. Durante todo o dia tentei arranjar uma desculpa plausível para acabar contigo. Não fui capaz, afinal és o único que consegue descrever o que na cabeça me mora, és o único capaz de me ouvir desabafar, e se mal entendido sou, é porque mal me expresso. Não tive coragem suficiente para acabar contigo, porque no fundo és parte de mim, e seria um suicídio parcial, a morte da minha veia mais artística, a morte do meu lado com mais graça, a morte do meu tubo de escape que levaria ao apodrecimento de todo o resto físico. A solução não passa pela tua morte, passa pela minha vida! Um dia alguém me há-de perceber, alguém conseguirá decifrar o escondo em cada texto, e conseguirá saber que está correcto, podendo haver também quem se engane, por se achar capaz de decifrar o que os olhos não alcançam e apenas o sentimento é capaz de ver. Deixo-te por isso viver, e quando este turbilhão de ideias, sentimentos, frustrações e tristezas desaparecer, ou der mostras disso, voltamos a falar. Até lá, estou cansado demais para transmitir ideias, pensamentos, desabafos e alucinações. A morte não é saída, é apenas a desistência, e ainda não é desta que desisto...
Rui Xavier
Sem comentários:
Enviar um comentário