13.6.10

Suicidio

Acordou-me o sentimento de vazio por dentro, a falta incessante que algo me faz, e eu nem sequer sei porquê! Sei que se foram com o amanhecer, e sei que não voltam mais. Estou farto de rastejar, farto de vergar, farto de não quebrar de vez. Levantei-me e saí de casa, contrastava o barulho da rua com o silêncio da minha mente, nada me prendia a atenção, seguia a passos firmes e certos, típicos de quem sabe o que procura, para onde vai e o que vai encontrar. Tinha como destino uma rua sem nome, onde existe um prédio que lá do alto me deixa ver toda a minha cidade. Subi, mas não lembro das escadas, continuava com o cérebro ocupado demais, e o peito com uma dor insuportável. Já lá no cimo, sentei-me na beira. Senti uma leve brisa beijar-me a face, parecendo querer trazer o abraço de quem não teve coragem de se despedir. Encheu-me os olhos de uma água salgada, que me escorre sem obstáculos face abaixo, trouxe-me memórias, pensamentos, e obrigou-me a fazer uma lista em jeito de resumo do que deixei por fazer ou do que deveria ter feito. Sempre mostrei que para ajudar os outros não é preciso receber algo em troca, um sorriso numa cara que antes era de tristeza é o suficiente para me agradecer o esforço, estendi a mão a todos os que me pediram, caí com eles, levantei-me com eles, entrei nas guerras deles, curamos as feridas, seguimos em frente. Porém não fui capaz de dizer nem mostrar o quanto amei alguns, não fui forte para aguentar até ver o meu Braga campeão, não fui capaz de dar a volta por cima a mais uma contrariedade, e fui fraco o suficiente para fazer todo este caminho até aqui. Com as pernas do lado de fora e curvado para a frente, deixei que as lágrimas caíssem no meio da multidão lá em baixo que se afasta. Não ouço o que dizem, não me interessa o que dizem. Senti uma mão no ombro, e um choro “NÃO!”, senti o impulso de saltar, senti o ar rasgar-me a cara, senti o impacto no chão, senti-me morto, senti-me bem... Vi que era um sonho, acordei e desejei que tudo tivesse sido real...

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