7.3.10

Rendo-me

Não é fácil a um soldado perder uma guerra, principalmente se é o único soldado do lado vencido e decide não morrer, mas desistir, render-se mostrando as suas próprias fragilidades. Um entregar de armas que fere o ego e a autoconfiança mas que se torna necessário quando de um lado nos entala a consciência e do outro lado alguém cala a ordem de baixar as armas apontadas a mim. Perdi mais uma batalha, foi mais uma entre tantas outras mas esta valeu uma guerra, uma guerra que perdi, uma guerra que desisti para continuar a viver, deixei-me vencer pela ilusão que seria capaz, mas enganei-me e caí, não de pé, mas de costas, por ser fraco, não estar preparado e não saber mais lidar com os “senhores da guerra”, da minha guerra... Acreditei enquanto pude, e vivi uma mentira que me fez seguir em frente, em busca afinal da derrota, do desprezo, da ignorância, do crescer da fraqueza e da não crença. Já não possuo as armas, já foram entregues, e a armadura quebrou com a vergonha, deixei de ser soldado, de pertencer a um exército de um só homem, arriou-se a bandeira da minha pátria e hasteou-se uma bandeira branca que o vento defrauda. As lágrimas lavam a face antes de caírem na poeira onde os joelhos e mãos assentam, foi-me poupada a vida por me entregar, não se ouviu uma única palavra do lado de lá, apenas o partir de quem cá esteve e agora nada mais me resta a não ser partir, virar costas a um sentimento desfeito que se vai querendo reacender, mas são as sequelas normais, as feridas que hão-de sarar, as cicatrizes que o tempo irá formar e eternizar e que me farão lembrar os erros que cometi para aprender com eles e se possível evitá-los se houver próxima vez... Agora é tempo de partir, dizer o definitivo adeus, deixar para trás um passado e olhar em frente, tentando vislumbrar o futuro por entre a visão distorcida pelos reflexos da tensão. Para trás vai ficar a vontade, a força, e a bandeira branca, hasteada, e defraudada pela leve brisa da derrota... Desculpa!

2 comentários:

monica disse...

Deve saber bem ouvir que não és o único a desistir. Eu também acabei de o fazer, após 7 meses de uma guerra fria. Um beijinho de muita força*

Nemec disse...

Podes apostar que sabe bem, mas sabes o melhor caminho agora? Esperar que amanhã o sol brilhe e que as feridas estejam mais pequenas, um dia elas vão desaparecer, acredita!
Beijinho e obrigado pelo comentário e pela força