Sinto que tenho um novo vício. Tal como outros vícios, este não se manifesta de uma vez só, vai-se apoderando aos poucos do corpo e da mente das pessoas. Posso por isso afirmar que já tenho este vício há algum tempo, mas nos últimos dias tem-se intensificado a “fome”. É o vício pelo desporto. Não de me sentar no sofá e acompanhar o desporto pela TV, nem de seguir um qualquer desporto sabendo tudo o que se passa, mas sim fazer desporto, correr, suar, sentir os músculos doer e pedirem tréguas. Não procuro a melhor forma física nem me preparo para qualquer tipo de torneio ou prova, quero apenas sentir o prazer da fadiga até quebrar de vez, alimentar a raça, cerrar os dentes e puxar cada vez mais pelo corpo de que sou feito. Enquanto corro, suo, dou uns chutos numa bola, esforço-me ao máximo e aplico-me como se de algo sério se tratasse, não deixo que nada me quebre o ritmo, nem mesmo a fadiga ou o praguejar dos músculos por descanso. Enquanto me doem os músculos esqueço outras dores e ansiedades, esqueço que existo, esqueço quem sou e vivo o momento enquanto aproveito para levar a força de vontade ao extremo. Passei o dia todo com a ansiedade do jogo de futsal no final do dia, um jogo desigual de 4 contra 3, mas não me importou a derrota alargada, nem a inferioridade numérica. Corri até o apito final, senti o suor entrar-me pelos olhos dentro e arder, mas não deixei de correr, senti o coração trabalhar com a velocidade máxima que conseguia, e o diafragma pediu-me descanso... Neguei-lhe o pedido, sabia-me bem a dor e dava-me mais força e mais vontade ainda de correr. Ameaçou-me um músculo de descida e ameacei-o eu que continuaria mesmo com ele em baixo, ganhou a minha ameaça. Pensei que no fim de um banho quente esta fome me passasse, mas enganei-me, com dores nas pernas, músculos no limite da ruptura, costas a pedir clemência e pulmões sem mais por onde expandir, apetece-me correr, apetece-me chegar ao limite, cerrar os dentes e morder toda a merda que quero esquecer, a que me faz faísca cá dentro e me dá força e alento para me continuar a massacrar fisicamente. Depois de tudo sinto-me mentalmente fresco, e o cérebro pede-me para continuar, até cair, até não aguentar mais... Eu quero, eu preciso, eu tenho de...
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3 comentários:
Sair da rotina faz tão bem à alma, ao ego!
eu já me viciei o suficiente no futebol, agora vou-me viciar na cerveja xD
Eu quero-te a ti
Eu preciso de ti
Eu tenho de te ter de volta
=)
Era so pa finalizar o teu texto =P
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