8.6.10

Pára-quedas


No pensamento não existem lesões, nada se parte, não se faz luxações, não existem torções, não existe dor física. A bem dizer no pensamento não existe nada, a não ser desejos, ânsias, esperanças e pouco mais. Foi por isso sobre a minha cama numa noite destas que me deixei vencer pelo cansaço, fechei os olhos e deixei-me guiar pela imaginação. Entrei numa pequena avioneta com alguns amigos, munido de pára-quedas e decidi experimentar a adrenalina da queda livre e o fascinante mundo do pára-quedismo. Depois de levantarmos voo chegamos ao ponto de retorno impossível. Nada nos devolverá a calma que sentíamos à instantes atrás, e em condições normais temos apenas 2 alternativas, ou nos lançamos para fora da avioneta, ou nos deixamos lá ficar ate que ela volte a terra. Eu optei pela primeira, tal como a maioria dos amigos que foram comigo neste pensamento, mas houve quem quisesse ficar lá dentro, por medo, falta de vontade ou por outro motivo qualquer. Já borda fora e em queda livre, vislumbrando bem ao longe o limite da queda que nenhum quer atingir aquela velocidade, fomos formando um só grupo coeso e unido e juramos um a um não nos separarmos mesmo depois da aterragem. Mas pouco tempo durou até essa jura ser quebrada, alguém acaba por se afastar nem que seja por momentos, para sentir a sua própria liberdade, e mesmo sabendo que o mais provável era voltar a juntar-se ao grupo, eu senti a sua falta, e precisava daquela presença, que me ia dar mais força, me ia tornar mais forte, me ia dar alento para o resto da descida que ainda falta percorrer. Mas não estava lá naquele momento, nem voltou tão cedo. Fui o primeiro a abrir o pára-quedas e consequentemente o último a chegar ao chão. Quando voltei a tocar o solo, já não estavam lá todos os que desceram comigo, nem sequer quem voltou na avioneta. Tentei reunir os resistentes e convencê-los a voltar a subir, só mais uma vez, mas preferiram ficar a ver-me ao longe, ainda assim encorajaram-me a ir, mas quando cheguei à avioneta não estava lá ninguém, olhei para trás e vi todos os que davam força. Esses eu sabia que podia contar eles, mas continuava-me a fazer falta quem se desviou, e fez a descida sem ninguém... Algures tocava o despertador, acordei, estava sozinho na minha cama, já era dia... lá se foi mais uma noite mal dormida...

1 comentário:

Anónimo disse...

Na tua vida tens sempre 2 alternativas...mas nem sempre escolhes a certa.mas e com os erros que se aprende...e pode ser k um dia tomes consciencia disso