2.8.11

À espera do recomeço

Sinto no peito algo que não defino.
Não por não querer, mas por não ser capaz,
Por não me sentir suficientemente audaz
E quando tento explicar sai algo sem tino.
Sinto bolas, sinto golos, sinto abraços,
Explosões de alegria que me seguem os passos.
Tenho sonhos, tenho ilusões,
Tenho a crença que ainda seremos campeões
Se para baixo não nos empurrarem
Os senhores que no futebol mandam,
Para se satisfazerem e se vangloriarem,
Mas que ao longe a vigaristas tresandam.
Temos de lutar contra esta espécie,
Unidos e com as nossas armas prontas,
Deixar de lados as batalhas tontas
Entre aqueles que a nós pertencem
E que apenas de algum fervor carecem.
Se somos família dentro da muralha
É contra os de fora nossa batalha.
Contra quem nos destrói o sonho
E esses sei que não são Braguistas,
Por esses ponho as mãos no fogo
Pela certeza de serem bairristas.
Para a nova época estamos prontos
Derrotaremos quem nos acha tontos,
Até não poder-mos mais, iremos marchar!
Quem comigo se vai alistar?

30.7.11

Floresce

Floresce, abre-te a um mundo
Que é nosso, sente o sol
Que te aquece o sentimento profundo.
Sente o que te dou, morde o anzol
E deixa-te ficar à minha mercê.
Não te irei magoar, quero apenas ajudar
A curar as feridas que só o coração vê.
Deixa-me cuidar dessa dor agreste
Que te tolhe por dentro
E te esconde o sorriso que antes deste.
Deixa-me acariciar-te cada pétala
De onde brota um perfume sem igual
Deixa-me mostrar-te que tem cura esse mal
E que podes voltar a sorrir,
Podes voltar a florir.
Deixa bater fortemente o coração.
Ele aguenta toda essa azafama
E não dará sinais de exaustão,
Porque bate com paixão,
Apaziguado com carinho
Pelo suave tocar de uma mão,
Trémula, meiga e doce,
Tal e qual a sensação
Que em mim nasceu numa primavera,
Ao sentir teus lábios, teu doce mel,
Impossível descrever num papel.
Voltar a senti-lo, ai quem me dera!
Agora mesmo, sem preconceitos,
Sem importar o que o relógio chama
Porque o meu coração não só bate,
O meu coração apaixonou-se, ele ama…

15.7.11

Outro Mundo

Preciso criar um mundo só meu
Sem árvores, mas com raízes,
Sem rostos felizes
Apenas com desconhecidas caras
Que me tragam à memória as aparas
Da vida que vou deixando para trás,
Para que me volte a sentir capaz
De fazer nascer um sorriso
Sem que para isso seja preciso
Soltar uma única palavra bacoca.
Usando apenas o olhar
De uma visão que se vai tornando oca
Afogada pelo lacrimejar,
Salgado, frio e brusco,
Com falta do mimo que em ti busco
Para apaziguar a dor que me mói
Que por vezes duvido se realmente dói,
Ou se é apenas o chamar das palavras
Com vontade de saírem da jaula
Onde vivem aprisionadas
E que todos chamamos de mente,
Um cérebro que por muito que tente
Se sente fora do mundo,
E a vontade dele lá no fundo,
É apenas de criar um sonho
Onde escolho quem lá ponho.
Todos precisamos de um mundo assim,
Um para nós, um para ti, um mundo para mim…

29.6.11

Perto do fim



Não sou capaz de escrever para já,
Porque nada mais tenho a ocultar.
Mesmo desconhecendo o amanhã,
Não sabendo em que águas irei nadar,
Afirmo de mente aclarada,
De quem já não morde pela calada
Que nada mais há a aclamar
Nesta obscura mente ludibriada,
Que vos ilude e impede de decifrar
A verdade da falsa rima apresentada.
Não conseguirás saborear
A verdadeira razão aqui apreendida,
Aquela que não pode ser mexida
Por viver de um objectivo
Forte, caloroso, tentador,
Que me torna cada vez mais emotivo…

11.6.11

O difícil começo

Julgaste ser complicado
Ocultar-te no que vou escrevendo
Achando ser arriscado
Notarem sentido no que vão lendo
Apesar de não se aperceberem
Como vão sendo ludibriados
Acreditando poder entenderem,
Lendo os óbvios sentidos mostrados
Do que escrevo e não do que sinto,
Achando ser essa a única sensação
Saboreando apenas o que lhes minto
Seguem apenas a intuição
Atrás de um significado simples
Ganhas tu que descobres sempre mais,
Achavas tu ser complicado
Parecendo-te mesmo ser arriscado
Ocultar-te nestas andanças banais…

10 degraus até Dublin

Dublin ficará para sempre na memória dos Braguistas pela final da Liga Europa, contudo para
mim será mais especial por ter vivido de forma mais intensa e ter assistido in loco ao jogo mais
importante de sempre da História do meu Braga até à presente data. A possibilidade de ver
erguer naquele palco uma das mais importantes taças europeias a nível de futebol, fez-me
atirar de cabeça numa viagem onde não havia espaço para pensar duas vezes se seria uma boa
escolha ir. Poderá esta ser a única oportunidade que a vida me dá para assistir a tal momento,
onde o nome do Braga poderia ser levado aos quatro cantos do Mundo, fazendo com que esta
conquista se tornasse célebre pelo feito e lembrada pelo derrotar de vários Golias pelo mesmo
David, pelo mesmo clube humilde, pela mesma Legião, pelo bravo povo que se orgulha e ama
o Braga que é seu por direito, sendo o resultado a parte menos valorizada por tal amor,
positivo ou negativo, apenas importa a paixão com que os adeptos apoiam a equipa numa
caminhada que este ano nos trouxe das maiores alegrias possíveis e imaginárias ao contrário
das opiniões de quem não merece ser lembrado. Após este tempo ainda não sou capaz de
acreditar que estive lá. Nunca pensei poder ver e viver com tanta emoção uma final europeia.
É certo que não trouxe de lá a tão desejada Taça da Liga Europa, mas mesmo assim foi para
mim um sonho tornado realidade, pois nem no mais puro sonho de menino seria capaz de
imaginar possível que o meu clube, o meu Braga, atingisse tal feito entre tantos tubarões. Parti
com a incerteza do que poderia o meu Braga fazer com os olhos da Europa postos no jogo da
vida de cada valente Guerreiro. O meu frágil coração ameaçou parar assim que as equipas
perfilaram no relvado e a força de todos que trouxe na mala não parecia a suficiente para que
o coração voltasse a pôr em circulação o sangue que corre nas veias. A verdade é que uma
força maior se ergueu e lá aguentei firme todo o jogo, todos os sustos, a traição do central e o
levantar do troféu pelo adversário. Uma lágrima ameaçou cair e escorrer ao ver aquela equipa
abatida, destroçada mas que me continuou a encher de orgulho quando mostraram aos
presentes o troféu que alguma imprensa quis esconder do povo, porque mesmo os vencidos
têm direito a troféu, uma vez que para perder é preciso lá estar. Caímos, mas caímos de pé e
orgulhosos pois decerto nunca ninguém outrora imaginou que pudesse o Sporting Clube de
Braga estar tão perto desta Final para poder erguer o caneco. Confesso sem qualquer tipo de
vergonha que sonhei por diversas vezes ser possível levantar o Braga esta taça. Não se realizou
o sonho mas dá-me uma enorme vontade de gritar Amo-te Braga pela valentia e ousadia qual
Joana D’arc

1.5.11

Relâmpago

A sua luz flamejante cega-me e esconde-me a realidade de um mundo de sentimentos que não quero meu. Atinge ferozmente o ponto mais alto de um ego em auto-destruição sem timoneiro que o guie, sem vontade que lhe valha. Gerado lá do alto, em cotovelos afiados e contundentes, rasga a mais pura nuvem de algodão por um menino imaginada e desce em direcção ao alvo para lhe roubar a vida… se ele ainda a tiver. O ensurdecer do som que emite, faz-me vibrar todas as células de um corpo já sem forças para reagir aos estímulos da chuva que me encharca o corpo ao mesmo tempo que me põe em sentido e me faz respeitar o que me diz como se de uma reprimenda se tratasse. Os longos milissegundos em que me mostra toda a sua força e intensidade fazem-me querer que sejam horas de pura dor e prazer. A espera pelo próximo faz-se de braços abertos, olhos fechados, cara virada ao céu que me mistura as lágrimas com a água que dele brota, num respirar lento e sufocado pelo nó apertado na garganta. É recebido agora o último desta série, é feito um pedido em forma de grito não audível, mas sentido por quem direito “Porque não me acertas afinal?”

2.4.11

Ditado

- A lágrima que continua prisioneira do teu salgado olhar, fere-me como uma lâmina de gume afiado no peito. A comida não tem vontade de passar, o ar não tem vontade de entrar e o sangue continua a não querer brotar por esta ferida. Talvez já não tenha sangue, talvez a ti pertença também. Talvez o meu corpo em boa verdade já não o seja, talvez seja simplesmente teu e sejas tu quem coordenas os movimentos, emoções e elucidações desta pequena carcaça humana que se arrasta no passar dos dias. O nariz inala apenas o teu perfume e fareja apenas o cheiro que a ti pertence, doce, leve, que me transporta apaixonadamente para um lugar inalcançável onde apenas existes tu esperando por mim, para me acolheres em teus braços carinhosos como o conforto de um cobertor à lareira numa tarde chuvosa e fria de um qualquer domingo de inverno rigoroso. Teus olhos cristalinos, bloqueiam-me as palavras de se fazerem ouvir, presas na ponta de uma língua sedenta por sentir o mar de emoções emanado pelo teu beijo mágico. Não quero abusar de ti, nem que de mim fujas, apenas tenho vontade e força de querer suficientes, ao que julgo, para derrubar estas barreiras físicas, emocionais e imaginadas, criadas por ambas, e por um mundo real que nada percebe de sonhos, vontades e desejos. Triste é aquele que sabe o que é amar porque sofre… sofre com as duvidas e as questões dos outros, pois com as dele pode ele bem. Deixa-me voltar a sonhar contigo, alista-te no meu sonho onde serás a única candidata a papel principal. Não deixes arrefecer o fogo que queima e marca por dentro, alimenta-o, confia, sorri e torna todo este amontoado de letras um só e única verdade total… Amo-te!

 Era isto que querias dizer?
- Não…
- Mentiroso!

31.3.11

Não quero escrever mais



- Desaparece!
- Ora viva para ti também… ainda agora cheguei e já me mandas embora?
- Já estás aqui à tempo a mais. Desaparece!
- Porque choras?
- Não estou a chorar… Desaparece!
- Claro que não estás a chorar, isso é só suor a escorrer-te pela cara abaixo… Até está calor e tudo! E tu queres que eu desapareça para onde? Eu não existo, eu não estou aqui, não sou vivo nem morto, sou inspiração, sou criatividade, sou tu, nada mais. Se queres que eu desapareça faz por isso, deita-me fora, esquece que existo. Não precisas de mim para nada, a fama é tua, escreve o que te apetece, vá força. Tens essa folha branca à tua frente desde quando? Não consegues escrever uma palavra só? Não tens confiança?
- Sai daqui senão…
- Senão o quê? Bates-me? Expulsas-me? Tu nem sequer sabes se faço parte do teu lado consciente ou do teu lado inconsciente. Eu não tenho rosto, não tenho alma, não tenho nem sou nada.
- Quando mais precisei de ti abandonaste-me, deixaste-me pendurado e viraste-me as costas quando me entalaram entre a espada e a parede.
- Tu já és suficientemente crescidinho para resolveres os teus problemas. Não escreveste um livro por tua conta e risco? Pediste-me opinião, precisas-te de mim para alguma coisa?
- Sabes muito bem que não o escrevi sozinho, e sabes ainda melhor do que preciso.
- Só o saberei se me disseres, tal como não sei porque não fizeste o lançamento do livro, muitos te deram a ideia e pediram, te elogiaram…
- Eles não sabem nada… Como ia explicar que o nome impresso na contracapa não é o verdadeiro autor daqueles textos. Como ia explicar que te tenho dentro de mim? Eu nem sei quem tu és afinal…
- O Pessoa conseguiu…
- Mas eu não sou o Pessoa, e ele era maluco…
- E tu não és?
- Não…
- Como defines alguém que fala consigo mesmo como se fosse outra pessoa?
- Cala-te e desaparece de uma vez por todas, não quero escrever mais, chega, acabou-se o conto de fadas, eu não fui feito para isto, letras não é comigo, não tenho categoria…
- Para quem queres escrever?
- Para ela.
- Ama-la?
- Sim
- Então siga, escreve o que sentes, sê tu mesmo, mostra-lhe porque pensas nela a toda a hora.
- Não sei por onde começar, sai daqui Nemec, por favor, desaparece de uma vez por todas…
- Cala-te Rui, já não te posso ouvir, pega na caneta que vou começar a ditar…

1.3.11

Livro Nemec Thoughts



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