Olho-me
ao espelho ao acordar. Quase não acredito no reflexo. O ar desleixado que
transpareço compara-se ao de um vagabundo. Na verdade é um pouco assim que me
sinto, poia a única vontade que tenho é a de ir embora, e o mais rapidamente
possível. Depois de ter adormecido com a dúvida sobre a partida para casa bem
presente, tento ao pequeno-almoço obter a confirmação. Sinto uma explosão de
alegria quando me garantem que amanhã entrarei num avião de volta para casa,
para minha casa, ai que saudades… O
sol parece brilhar hoje com mais alegria, ou talvez seja apenas eu e aluz que
me invade no interior. Luz essa que me irá permitir dar a certeza de quando
regresso quando ligar para casa. Porém, esta felicidade extrema tinha de ser
interrompida. “Não vamos embora amanhã, nem penses, conta com mais uma
semanita”. Preferia ter sido atropelado por um TATA passar o dia a carregar
sacos de cimento, pelo menos não me doía tanto o peito. Que se passa por estes
lado que parece que remamos cada um para um sitio diferente e
descoordenadamente? Apetecia-me bater tudo para tentar libertar a raiva,
apetecia-me desaparecer… Não quis acreditar e procurei confirmar a informação
novamente. Respondem-me que aconteça o que acontecer eu amanhã parto para
Portugal, e o que esforço era para que todos o conseguíssemos fazer. Devolve-me
um sorriso ainda que bastante leve à cara esta informação. Começo-me a
aperceber da falta de vontade de trabalhar dos Indianos e da falta de
iniciativa, dizem-me que se sentem cansados, até os entendo em parte, pois eu
também estou de rastos e muitos deles estão longe das famílias tal como eu, a
única diferença é que eles estão no país que os viu nascer, eu estou do outro
lado do mundo, sem comida decente e com os enlatados a acabar. Sento-me ao fim
da tarde enquanto vejo o pôr do sol nos montes lá no alto, é a única coisa que
me faz sentir em casa… É interrompido o momento com um telefonema em resposta à
mensagem de ontem. Amanhã vou mesmo embora! A lágrima essa é de felicidade…
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