7.12.12

Diario da India III - Dia 34


Após algum descanso nos desconfortáveis bancos do aeroporto, está aberto o chek-in e deslocamo-nos para lá, somo os primeiros a fazer chek-in, ou pelo menos a tentar. Na entrada da fila estão dois senhores que nos pedem os passaportes e os bilhetes, formalismos pensei eu. Na verdade não, os tais senhores tinham uma lista do voo onde chegamos e nessa lista não constava nenhuma mala das nossas. Estranharam portanto como não tínhamos nós nenhuma mala no outro voo e agora temos 4, uma cada um. Explicamos que deve haver algum engano, chamam um responsável da segurança e entretanto estranham o bilhete do voo ter data de compra de ontem, acham impossível! Bolas em que Mundo vivem vocês? Em Delhi há internet! Após a chegada do responsável pela segurança, que por sinal não era Indiano, tudo ficou resolvido e lá podemos fazer o chek-in. Não sem antes nos terem tirado os passaportes para colocar uma etiqueta muito importante na parte de trás do passaporte… Que companhia aérea tão estranha esta… Desta vez não houve qualquer problema na fronteira, o friozinho na barriga passou bastante rápido. Sinto-me bem, relaxado, feliz por voltar e até consigo adormecer por breves instantes num dos cadeirões do aeroporto. Nem a senhora que teimosamente pede para não nos esquecermos das malas me conseguiu  acordar. Lá começamos a embarcar e percebo agora que a etiqueta no passaporte que era tão importante pode ser colocada à entrada para o avião… De Delhi a Bruxelas foi um bom sono, talvez pelo cansaço mas não tenho recordação quase nenhuma, apenas do pão de leite e do iogurte ao pequeno-almoço. Aterramos em Bruxelas e pela janela parece ser neve, sim é mesmo neve, quem diria que há umas horas esta eu de manga curta e a suar. Aproximamo-nos de um ecrã com as partidas dos voos e verifico que todos foram cancelados durante a noite devido à neve. Não nos conseguem dar a certeza, ainda, de que teremos voo hoje para casa, há fortes possibilidade de ser cancelado tal como todos os outros. Resta-me esperar por bons ventos e melhores temperaturas. Enquanto isso distraio-me com uma loja, ou melhor, com a entrada de uma loja. Na entrada está um pinheiro, enfeitado com bolas, fitas e luzes intermitentes… É Natal, tinha-me esquecido que estamos tão próximos do Natal. Sinto um conforto enorme e de repente uma esperança enorme que vou viajar hoje para Portugal. Os limpa neves tentam a todo o custo eliminar a neve e o gelo que se apoderou da pista. Conseguem libertar a pista, mas os voos estão atrasados em toda a Europa. O meu também ficou atrasado, resta-me esperar. No meio da espera, uma voz portuguesa com origem angolana junta-se a nós, é bom poder ouvir falar português alguém que não esteve connosco nas últimas semanas. Várias horas depois há luz verde para entrar o avião rumo a Lisboa, o único problema poderá ser não chegar a tempo de apanhar a ligação ao Porto, uma vez que teremos de levantar as malas e voltar a fazer o chek-in. Mas pelo menos já estaremos em Portugal, e aí, por água terra ou mar eu hei de chegar a casa. Chegados a Lisboa à hora de partir para o Porto parece estar tudo mal humorado. Somos informados que o nosso voo afinal ainda não partiu pois o avião ainda nem sequer chegou. Temos de fazer o chek-in das malas no piso inferior e seguir para a porta de embarque. No chek-in, alguém mal disposto diz-me que não pode embarcar as malas porque já fechou o avião e é impossível, abria a exceção para uma mala, mas para 4 é impossível. Como fechou o avião se ele ainda não chegou? Lá fez a chamada devida e afinal pode despachar as 4 malas e quantas mais houvesse, mas no fim de fazer o serviço que lhe compete proferiu “Mas foi por favor!”, olhei-o com reprovação e formulei na garganta uma pergunta “Quer uma gorjeta ou um par de estalos?”. Felizmente não disse nada, virei costas e corri porque tenho um avião para apanhar… a espera foi maior que a viagem até ao Porto. A viagem em si é como subir e descer um monte, nem cheguei a passar pelas brasas. Talvez a excitação de estar a regressar a casa também não deixasse. Sou o último a ser deixado pelo táxi, corro para casa, não consigo esconder o sorriso de satisfação, abraço a minha Joaninha com força, e solto uma lágrima que deixo para quem acaba de ler a definição do que será…

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