Com uma noite bem melhor dormida que a anterior, acordo para mais um dia de trabalho. Toda a gente que encontro me pergunta se me sinto melhor, e no fim do pequeno-almoço, dirijo-me até ao escritório onde tudo quanto era indiano capaz de falar inglês me perguntava se me sentia melhor. É de certa forma estranho o carinho com que me recebem aqui. Começo a comparar a Índia a Portugal, onde toda a gente se preocupa com os que vê na rua. Os indianos são todos muito afáveis, divertidos e simpáticos, gostam é pouco de dar ao cabedal! Durante a manhã dividida entre o armazém e a báscula 7, e a tarde exclusivamente tirada para a báscula 7. Apesar de ter trabalhado o dia todo sobre um sol que atingiu os 37ºC e rodeado de poeira de carvão, o dia rendeu bastante, e além disso fartei-me de dizer e ouvir piadas de um indiano com sentido de humor, que me ensinou que os indianos dão mais valor ao sentimento que às relações, daí eles adorarem andar aos abraços e darem-se bem uns com os outros, ensinou-me ainda que os indianos não fazem ideia do que significa o polegar levantado, daí me olharem com uma cara estranha sempre que o faço, a mesma cara estranha que eu os olho sempre que eles tentam falar para mim em hindi! Já o sol se tinha posto e já os mosquitos não me deixavam trabalhar quando arrumei as ferramentas e percebi que tinha os braços um pouco vermelhos, mas só depois de tomar banho percebi que não era sujidade mas sim os braços e o cachaço a começarem a ficar morenos, morenos demais diria eu! No fim de jantar aproveitei para saber como andava Portugal, o meu Braga joga hoje para a Liga dos Campeões em casa e eu nem oportunidade vou ter de saber que tal está a correr. Apesar disso correu bem a conversa com o sítio onde me sinto melhor, e depois de um passeio pelo parque onde a espaços se consegue vislumbrar um pouco de relva no meio de tantos insectos, resta-me dormir, que tenho mais um dia de trabalho pela frente.
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