30.11.06

Acorda-me quando chegares III


Mais uma vez fui á tua procura... Desta vez encontrei-te no meio da multidão que eu sempre achei que era dela que fazias parte! Chamei pelo teu nome, inacreditavelmente conseguiste ouvir a minha voz “interior” e distingui-la das vozes entrelaçadas do resto das pessoas que passam! Dias depois saímos... Um bocado por obra do acaso, já que foi uma avaria no carro que me fez convidar-te para sair e a resposta saiu mesmo na última réstia de esperança! Embora soubesse que não aprecias muito, levei-te a ver o fascínio do mar á noite... Enchi-me de coragem e no momento em que te ia dizer o que me consumia a alma, algo aconteceu que me fez abrandar o meu instinto e me tolheu a coragem... Tinha fracassado mais uma vez! Mas não perdi a vontade nem a esperança de te demonstrar o que eu escondia por trás de cada gesto... E foi em conversa escrita que combinámos novo encontro no dia a seguir! Desta feita a intenção de nos encontrar-mos outra vez foi fazer o que serviu de desculpa no dia anterior para ir ver o mar... Fomos comer o tal gelado, mas não fomos sós, passámos um bom bocado os três enquanto saboreávamos o gelado, e quando se acabou levei-te para longe do mar, mas com água por perto. Falámos, rimos, e a coragem voltou a vir ao de cima... Tentei olhar-te nos olhos, mas a sinuosidade da estrada e a intimidação que sentes por quem te olha nos olhos, não me deixaram ver o seu brilho... Ainda que a estrada fosse uma recta interminável seria impossível vê-lo, deixaste-te intimidar de tal modo que ficaste calada durante quilómetros e quilómetros com o olhar pregado e dividido entre as estrelas que começavam a aparecer no céu que escurecia e entre a vista perdida algures dentro do carro, mas nunca para o lado esquerdo... Por cada curva que fiz tentei dizer o que ainda não tinha conseguido, mas por não estar só não consegui, tive medo e vergonha! Mas a coragem foi crescendo! Enquanto olhavas as estrelas conseguia-a sentir-te a pensar... Receei o pior, e quase acontecia quando me pediste para passar primeiro por tua casa e deixar-te lá! Porém senti que a coragem que existia em mim jamais iria voltar se perdesse esta oportunidade... Não acedi ao teu pedido... Queria ficar sozinho contigo e por momentos senti que nada me ira deter e eu finalmente ia retirar este “peso” que trazia comigo! Olhei uma vez mais para ti e estava apenas com cerca de 6 segundos para decidir se te levava para casa ou se seguia outro caminho e tentava a minha sorte! Ainda não tinhas dito nada desde a última paragem! Ainda com o olhar preso na tua pessoa reparei que tinhas um dedo preso nos lábios, naquele acto de quem está nervoso, a outra mão também estava á vista ainda tentei apanhá-la com a minha mão mas fiquei-me pela intenção porque reparei que ela tremia, nesse mesmo instante disseste algo e raparei na tua voz tremula, tinhas-te apercebido da minha intenção... a coragem morreu dentro de mim nesse momento... nem sei o que te respondi! Sei que optei pelo caminho que te levava a casa, não me lembro de ter feito o caminho até tua casa nem das palavras que dissemos um ao outro, apenas me lembro que não te deixei no local habitual, porque assim me pediste mas não prestei atenção á causa da mudança, apenas o meu corpo ainda permanecia dentro do carro, todo o resto já estava bem longe... do caminho até casa apenas me lembro de uma lágrima que não chegou a escorrer ficou apenas alojada nas pestanas! Senti que tinha perdido a única oportunidade, e a incerteza de voltar a ter outra tolhia-me... Desde esse dia as nossas conversas escritas intensificaram-se e passaram a ser quase um vício. Estas conversas serviram para nos tornar-mos mais íntimos, e para nos conhecermos melhor, entre uma das muitas mensagens que trocámos diariamente eu soltei um “amo-te” que te desfez as duvidas que tinhas e encarregou-se de te arranjar umas novinhas em folha! Reagiste com espanto de quem não pensava ser possível aquilo que acabava de ler... O que é certo é que esperava que tentasses fugir a isso, mas não, enganei-me... Sei bem que as coisa que são escritas não têm o mesmo “peso” das que são ditas frente a frente... Mas esta mensagem serviu para nos tornarmos mais íntimos ainda, como se não pudéssemos ser amputados... A cada passo que dava pensava em ti, e imaginava-me contigo, deixei de me sentir o falhado do costume, senti que desta tinha acertado e afinal sempre era capaz de fazer alguma coisa... mas mais uma vez entre as nossas conversas diárias chegámos á conclusão que não podia-mos ir mais longe do que o que já estávamos, concordei contigo porque vi que as razões que me mostravas eram válidas e eu tinha a certeza quase toda que era isso que ia acontecer, estava tudo a correr muito bem para o costume... Senti um misto de emoções... Sentia-me bem por te ter dito o que guardava para mim até então e sentia-me novamente um falhado porque ainda não tinha acertado, no entanto só te mostrei uma parte para não te deixares abater e para eu também não ir abaixo! Dizias que no fundo não querias ficar por ali e isso ajudou-me a levantar. Começamos a ficar confundidos, e o dia a dia encarregou-se de nos arranjar episódios que fizeram com que eu te confundisse e com que tu me confundisses a mim também... mais alguns “amo-te” foram escritos no vai vem da escrita mas a incógnita de saber se o recebias com o mesmo sentimento que era enviado foi aumentado... Voltámos a tocar no assunto e fizeste-me aperceber que, para já, não havia nada a fazer... Arrepiei-me ao ler “faz o que é melhor para ti”! Eu não sei o que é melhor para mim, nem sequer sei quais as opções que tenho, sinto-me perdido, sem norte... É como se fosse a um supermercado e procurasse por ti no labirinto das prateleiras mas altas que eu. Por fim encontrei-te, estás na prateleira mais alta de todas, eu não te chego, ninguém parece querer ajudar-me. Podia desistir e escolher uma das que estão expostas nas prateleiras que estão abaixo... mas é a ti que eu quero, e se por vezes parece que te inclinas de maneira a eu poder chegar-te, outras são as vezes que me parece que te queres desviar e ficar mais longe porque daí de cima vês algo que eu não consigo daqui! Fico tonto, não sei que fazer nem para onde ir... Vou voltar a deixar-me levar pela maré sem destino, talvez assim volte a ir ter até ti, talvez assim te possa dizer frente a frente e sem coçar a orelha nem esfregar o olho o que hoje só consigo escrever...

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto está lindo, mágico, intenso...fenomenal!!!! Tens msm jeito
Não passava por aki há algum tempo e estive a ler tudo cokm muita atenção... Axo fantastico o facto d ser tudo inspirado em coisas k t aconteceram!!! Parece ainda mais real e certo!!
xxx

Anónimo disse...

Está lindo! Consegues trazer ao real tudo o romance que se cria na mete. Se foi inspirado na realidade é a prova que nos contas o que sucedei da forma poetica e dolorosa que o vives. Adora a parte em que fazes uma analogia com as prateleiras...em que afirmas que a tua apaixonada está na mais alta e inacessivel. Queres la chegar mas ninguem te ajuda e que por vezes ela parece-te inclinar-se para ti mas outras vezes foge. A incerteza ficou descrita de uma forma magnifica..
Tens jeito...continua;)

sorry ter ido embora mas tou cansada de tar no pc....:) sorry

Vlinder disse...

Fantastico : ) e uma avaria no carro, tudo que foi preciso para te levar a aventura :D so falta saber se de cada vez que acontece nasce nova paixao *