10.10.10

Diário da Índia - Dia 17

Hoje é Domingo, e para mim é o terceiro em que não descanso, porque alguém assim o quer, e porque não tenho eu direito a opção. É o dia do arranque, um dia importante para todos, o dia da inauguração, e a tradição nas inaugurações aqui é bem diferente do nosso tradicional abrir de champanhe. Por cá fazem-se oferendas aos Deuses para afastar os males, e para isso oferece-se ao servidor, aos computadores e aos sistemas montados, bananas, cocos e doces… Num ritual estranho partem-se os cocos e derrama-se por cima do que se quer proteger. Lá se fez a inauguração, e lá se passou a parte da manhã. À tarde, que voltou a não ser de descanso. Tive uma enorme surpresa que me ajudou a alegrar. Um miúdo de 16 anos veio ter comigo e tentou falar comigo em inglês. Era muito educado e estava sempre muito atento ao que eu lhe ia dizendo, na conversa confessou-me que era a primeira vez que estava a ter oportunidade de falar inglês com alguém, e que eu era o primeiro estrangeiro que ele via e com quem falava, até então só os tinha visto na televisão. Expliquei-lhe que eu não era nada mais do que ele, que era uma pessoa normal que apenas vinha de um pais que ele desconhecia, mas ele fez questão de se mostrar encantado por estar a falar inglês e por alguém o conseguir entender numa língua que não é a dele, ele fez-me lembrar que às vezes damos demasiada importância a coisas que não deveriam ter importância nenhuma, e que deveríamos valorizar outras às quais não passamos cartão. Fez-me bem aquele tempo que passei com o miúdo, e o telemóvel que hoje me deixa comunicar bastante bem com Portugal trouxe-me um novo alento para encarar a última semana.

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