11.10.10

Diário da Índia - Dia 18

Começou a contagem decrescente num dia que nada tem de diferente dos últimos, o mesmo cansaço, a mesma falta de ânimo, o mesmo desgaste que me carrega nos ombros e que só vai sendo acalentado pelas palavras recebidas por telemóvel. Deixei o dia ir passando enquanto me tentava distrair com o trabalho, mas o pensamento cravou-se numa espécie de retrospectiva de todo o trabalho que por aqui já fiz e não me deu vontade de continuar, senti-me fraco demais para poder erguer a mão lutar contra todas estas forças. Não me sinto capaz de me animar, e continuo a mentir, mas pior do que tudo é que comecei a tentar enganar-me a mim próprio, comecei a tentar negar a falta que me faz acabar com esta ausência insistente, comecei a tentar negar a necessidade de desabafar, comecei a tentar mentalizar-me que chorar não ajuda. Preciso de um novo fôlego, estou exausto, tolhido, perdido. Preciso de um abraço, de uma carinho que me diga que tudo vai correr bem, de uma palavra que me faça ganhar força e lutar contra tudo e todos. Já não há aventura na Índia, apenas o passar dos dias que penam, já nada é novo, nada me entusiasma a ver o dia nascer, os insectos já são menos, ou já me habituei de tal forma que nem os noto… Seja como for continuo aqui, e é com isso que tenho de contar!

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