31.10.10

(Já) não sou poeta

Não sei de onde apareceu
Tamanho saber para pôr em escrita
O que escondo por baixo do véu
Que cobre esta mente aflita
E me faz mostrar uma paz interior,
Um sorriso na cara que nem sempre apetece,
Mas que me faz pensar ser superior
A este inverno que me arrefece.
As mãos geladas são o prenuncio
De que algo está em mudança em mim,
Um golpe infligido sem anuncio
Parece a este dom ter mostrado o fim.
Acabou-se a facilidade de versejar,
Os poemas já não fazem sentido
Não sou mais capaz de rimar
Um verso com um sentimento escondido.
Perdi a minha veia poética,
Algures na cama onde me deito,
E não quero o excerto de uma sintética
Que me fará rimar o que não sente o peito.
Há-de ela, voltar um dia
Para este corpo que me carrega alma
Que por agora não conhece alegria
Por lhe faltar o dom que a acalma.
Lá se foi o meu alento
Arrefecido pelo frio, diluído pela chuva,
Levado para longe por este vento
Que me devolve a visão turva
De uma vida que nem sempre é boa,
De um sorriso que por vezes é triste,
De um amor que também magoa
E de uma saudade que afinal existe.
Por agora não lhe encontro o jeito
De os sonhos voltar a rimar
Mas não dou valor à dor no peito,
Sei que um dia ela há-de voltar…

2 comentários:

Vlinder disse...

procura nos bolsos*

mdream disse...

quem diria...