À chegada a Deli já não estranhei a
maioria das coisas, como o chão alcatifado, os militares armados, a má
disposição dos funcionários que controlam as entradas no país, o cheiro, a
chapada de ar quente e húmido, 20º perto das 2h da manhã... nada disto me soou
a novo. Depois de recuperada a bagagem enviada no Porto, procurei a porta que
pela manhã, bem cedo, me cederá passagem para o avião até Chandigarh. Encontrei
a porta e julgava ter encontrado numa espécie de “bancos-cama” o local ideal
para dormir cerca de 4 horas, mas estava errado, não consegui nem 10 min. A
televisão muito alta com o teclado bloqueado e a luz muito forte que mesmo de
olhos fechado me fazia confusão obrigaram-me a ficar acordado até de manhã,
cada vez mais cansado. Lembro-me de andar a arrastar os pés por sentir que
estavam cada vez mais pesados, e se calhar até estavam, o pé torcido voltou a
inchar, e de que maneira. Foi então sem dormir que fui ao encontro do avião
que, ao contrário do que eu esperava, não estava munido de dois poderosos
jactos mas sim de duas hélices a fazer lembrar um avião de combate da 2ª grande
guerra. Entrei e pude constatar que por dentro o avião não tinha melhor aspecto
do que por fora. Avisaram depois todos os passageiros que a descolagem foi
adiada por existir muito nevoeiro no aeroporto de Chandigarh. Novo aviso e novo
adiamento… só à quarta o avião se fez à pista, do outro lado do aeroporto por
sinal e já eu tinha descansado os olhos um bom par de minutos. Da viagem em si
só me lembro do quase fim e do fim, o que separa isto do inicio foi passado de
olhos fechados. O quase fim resume-se a uma tentativa falhada de aterrar o
avião, segundo o comandante não havia radar e o denso nevoeiro não o deixou
identificar a pista, pelo que se aceleraram os motores e se foi dar a volta ao
avião. Depois de aterrar e de um duche rápido num hotel próximo, tapei o buraco
com parte de uma pizza e fiz-me ao caminho até aos Himalaias. Não imaginava eu
que estava tão longe. Já da outra vez me fascinou a perícia com que se conduz por
aqui, sem grandes regras, mas hoje tive a prova cabal de que é preciso muito
sangue frio. Foram quilómetros a fio percorrido entre curvas e contra-curvas,
sempre com ultrapassagens do outro mundo e que não lembra a ninguém. O que é
certo é que cheguei à fábrica de Baga inteiro, numa só peça, e já é hora do
jantar. Se calhar já me tinha esquecido de como era a comida por cá, mas ao
entrar no refeitório, o cheiro intenso a caril e pimenta que me entrou pelo
nariz dentro, rapidamente me fez lembrar todos os sacrifícios. Hoje foi massa,
mais picante que o normal, amanhã logo se verá. Tudo a postos para começar o
trabalho. São 16:24 em Braga, 22:04 em Solan, Índia, e eu vou tentar repor as
energias gastas na viagem, vou dormir.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário