Acordei
com o corpo menos dorido que os últimos dias, mas a mente, essa continua a
penar e a pedir alívio. Não lhe encontro salvação e o trabalho é a única coisa
que me distrai. Ainda assim não é uma distração que me sossegue. Irrito-me cada
vez com maior facilidade, sinto os nervos à flor da pele, apetece-me explodir a
torto e a direito mas ao mesmo tempo controlo-me e deixo que os nervos apenas
me corroam o estômago cada vez mais fraco. Há dias em que parece que por muito
esforço que faça nada é reconhecido e nada vale realmente a pena. Continuo a
socorrer-me da máscara para disfarçar expressões, para abafar gritos que já nem
sei se são de terror ou de frustração pois desta vez aconteceu algo que não
previa, algo que não me achava capaz, um ponto de saturação que julgava
infinito. Perdi por momentos o controlo de tudo o que me pertence, senti-me
derrotado, senti-me despojado de forças, dobrei os joelhos e deixei que o corpo
pendesse para trás até me sentar. Dobrei a cabeça para baixo, pousei o capacete
na minha frente, tapei a cara com as mão sujas do cimento e chorei… Chorei
porque queria desistir, porque não me sentia capaz, chorei porque nada mais
conseguia fazer, chorei porque precisei de o fazer. Chorei porque não encontrei
maneira de voltar para a minha terra, para a minha casa, para a minha família.
Não resolvi nada com isto, mas soube-me bem. Não, ainda não cortei a barba, não
estou com disposição.
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