Todos
os dias tenho atravessado uma linha de comboio em pleno funcionamento e outra
em construção. Ao contrário do que se pensa por esse mundo fora, os comboios
aqui também podem ser normais, onde as pessoas vão e permanecem sentadas, é
desses comboios que por cá passam, muitas composições mas sem penduras nas
janelas e no tejadilho. Ao passar pelo caminho-de-ferro que está a ser
construído imaginei como é triste ser comboio, os outros trilham-nos os
caminhos e não nos podemos desviar deles sob perigo de não voltarmos a
encarrilhar. Não quero ser um comboio, quero trilhar o meu próprio caminho,
pisar onde quero mas ter o cuidado de não pisar ninguém, ao contrário do que
faço com os insectos que se passeiam pelo meu quarto e pela minha cama. Comigo
não dorme ninguém, nem coisa nenhuma! Por aqui começo finalmente a ver a
locomotiva sair da estação. Como uma máquina a vapor, devagarinho lá vai
tentando movimentar as rodas todas presas umas às outras, muito fumo, mas ainda
assim pouco movimento para o esforço gasto, tivesse a locomotiva uma pequena
ajuda para vencer a inércia e tudo escorregaria melhor. Outra coisa engraçada
que tenho visto por cá são os miúdos todas as manhãs em direcção à escola. É
giro vê-los de uniforme, como se de uma telenovela de tratasse, sem os
conhecer, desejo-lhes a maior sorte do mundo, eles não me vêm, não me ouvem,
mas sei que por certo sentirão o meu sorriso. Não merecem esta miséria, merecem
crescer como os uniformes, sempre limpos, aprumados e sem falta do essencial.
Por falar em essencial, por aqui o essencial para mim tem sido a comida, e tem
melhorado diga-se em abono da verdade. Hoje voltei a comer no mesmo local de há
dois anos atrás, revi caras que continuam iguais e comia a comida a que já
estava habituado com uma surpresa, hoje havia batatas fritas aos palitos! Que
maravilha… Ainda me falta contar a história do livro em Itália, mas hoje já não
dá tempo.
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