11.11.12

Diario da India III - Dia 8

 
Há dias que têm tudo para dar certo quando nascem, o pior é que, por vezes, ainda são alimentados a leite e já se tornaram no maior pesadelo. Um acidente com causas misteriosas atrasou ainda mais a conclusão dos objectivos que me trouxeram cá. Isto e algum esperto me ter cortado os cabos de rede durante a noite e ter levado cerca de 5 metros de fio! Não se consegue confiar em ninguém… Conseguir até se consegue, mas são poucos. Os camionistas é impossível confiar neles, sisudos e cinzentos como o cimento que carregam, estranhos como o tabaco que cospem depois de mascado. Estou farto de aqui estar. Preciso ir para casa, preciso de uma lufada de ar fresco que me anime e me dê ânimo para encarar o que falta, e ao que se sugere, pode ser mais do que esperava. Não quero isto, não quero mais cá voltar. Demasiada pressão psicológica leva-me a perder a calma por breves momentos. Sinto-me tenso, a tremer, a morder o lábio, não consigo focar a visão decentemente e solto um berro tapado pela máscara e ensurdecido pelo cimento. Volto a acalmar e a deixar de pensar, volto para o meio de quem não confio, inalo o pó que pelo ar se passeia e odeio-o tanto ou mais do que ter de estar tão longe de casa, tão longe do mimo, tão longe de ti…

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