25.11.12

Diario da India III - Dia 22


Nunca estive tanto tempo na em terras asiáticas, talvez por isso hoje tenha sido atropelado pelo cansaço. Não aguentei, senti a fraqueza e a falta de força nos membros, por muito que a mente ordenasse o corpo já mal obedecia e respondia em tempo útil. Tirei a tarde para um descanso, afinal de contas hoje é domingo e já não descanso há bastante tempo. Deixei as horas passar sem pensar em nada, fui lendo “O Evangelho segundo Jesus Cristo” de Saramago para entreter a mente, e ouvi música do mais variado possível para me abstrair do mundo onde estou. Já que falo no mundo onde estou, este tem sido um monte de cheiros muitos estranhos. Se à noite, junto ao escritório existem umas plantas que libertam toda a sua essência refrescante e acolhedora ao mesmo tempo, durante o dia por dentro do escritório inala-se o cheiro a criolina com que se limpa o chão, o mesmo cheiro da entrada de casa que se mistura no quarto com o cheiro a torrado do aquecedor, porque há por cá um nepalês que me acha com frio e teima em ligar-me o aquecedor do quarto. Cheiro mais estranho ainda tem um indiano que me vai auxiliando. O rapaz, sim rapaz porque é mais novo que eu e eu também sou um rapaz, tem um abundante, estranho e perturbador odor a fraldas ou a toalhetes. Não consigo explicar, mas um segundo depois de se sentir o cheiro começa a ser demasiado para ser suportável. Antes o cheiro dos quilos de incenso que por aqui se queimam por dia. Enquanto escrevia isto procurei insistentemente um cheiro que me tivesse marcado, mas só encontrei um, está em Portugal, a milhares de quilómetros de distância, mas sempre que fecho os olhos sinto o cheiro da minha flor… sabe tão bem!

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